Com expansão da Delta, falta da 2ª dose preocupa

Montes Claros suspendeu ontem aplicação do complemento da AstraZeneca

Da Redação
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24/08/2021 às 00:22.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:44
 (fábio marchetto/divulgação)

(fábio marchetto/divulgação)

Depois de Montes Claros, foi a vez de Mirabela confirmar um caso de contaminação pela variante Delta do coronavírus. Com isso, o Norte tem dois casos confirmados e dois suspeitos – um em Montes Claros e outro em Claro dos Poções.

Com o caso de Mirabela, Rio Novo (Zona da Mata) e de Betim (Grande BH _ confirmados pelos municípios mas ainda sem entrar na lista do Estado – e mais dois informados nesta segunda pelo Hospital das Clínicas de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, Minas pode ter chegado a 17 casos positivos para a cepa indiana e nove sob investigação.

E com registro de contaminação comunitária, a preocupação dos especialistas é a de que a variante Delta tem potencial para se espalhar rapidamente por aqui. Apenas a vacinação com duas doses e medidas mais rígidas de segurança podem reduzir os efeitos da cepa, altamente transmissível.

Nesse aspecto, a população de Montes Claros fica em alerta pois, pela segunda semana consecutiva, o município suspende a aplicação do reforço da AstraZeneca por falta do imunizante.

Desde ontem, a vacinação com a segunda dose produzida pela Universidade de Oxford não acontece na cidade. Em publicação nas redes sociais, o município informou que todas os imunizantes recebidos foram aplicados até o domingo.

A situação levantou questionamentos de internautas, que acreditam que a segunda dose deveria estar reservada para ser aplicada no dia correto. “Devem ter pego as segundas doses e aplicado na primeira dose!!! Fazendo as contas era para ter sim as doses agora!!!”, reclama uma moradora nas redes sociais.

Em resposta à internauta, a Prefeitura de Montes Claros respondeu que “a AstraZeneca está em falta para primeira e segunda doses no município. As primeiras doses do município são de Pfizer e CoronaVac. As doses vêm marcadas pelo Ministério da Saúde como Primeira e Segunda, assim não é possível o município utilizar segunda dose como primeira e vice-versa. A AstraZeneca está em falta em outros municípios brasileiros, o motivo é a falta de matéria-prima para produzir a vacina. Estamos aguardando a normalização por parte do Ministério da Saúde!”.
 
NOVA REMESSA
A espera dos montes-clarenses pela segunda dose, no entanto, será curta. A Superintendência Regional de Saúde (SRS) informou que a região recebe nesta terça-feira (24) a 41ª remessa de vacinas contra a Covid. Ao todo serão 61.380 doses de imunizantes: 31.020 doses da CoronaVac; 26.660 doses da Pfizer e 3.700 da AstraZeneca.

A nova remessa chega no início da tarde em Montes Claros em aeronave do governo do Estado. A entrega para os municípios acontecerá na quarta-feira.

Excepcionalmente, nesta remessa, Montes Claros receberá as 3.700 doses da AstraZeneca. Nas últimas semanas, a SES já havia repassado ao município 2.600 doses extras da vacina. O último repasse de 900 doses aconteceu sexta-feira.

Crianças e adolescentes
E não basta só imunizar os adultos. O alerta em meio ao avanço da mutação vale para crianças e adolescentes, principalmente com a ampliação da volta às aulas presenciais. Há especialistas que defendem, inclusive, testagem dos alunos nas escolas. Para o infectologista Carlos Starling, membro do Comitê de Enfrentamento à Pandemia em BH, a Delta deve superar a P1, de Manaus, tornando-se a mais comum. 

“Não tenho a menor dúvida que isso vai acontecer. O número de casos deve aumentar nas próximas quatro a oito semanas. Para contrapor a chegada dela, temos que reforçar a necessidade das pessoas se manterem em casa, evitar aglomerações e usarem máscaras”. 

De acordo com o médico, é preciso acelerar o ritmo da vacinação para barrar um novo pico da doença, já que a variante ultrapassa a capacidade de defesa dos organismos sem segunda dose. Além disso, a cepa pode reduzir de 10% a 15% a eficácia dos atuais imunizantes. O especialista defende que crianças e adolescentes devem ser protegidos para evitar as formas graves da enfermidade. 

“O que tem sido visto nos EUA e outros países é o aumento do número de casos nessas idades, que até então haviam sido poupadas com a circulação das variantes anteriores. Mas o vírus vai evoluindo a capacidade de infectar diferentes faixas etárias”, completou.

O risco maior às crianças também é reforçado pela pneumologista Letícia Kawano. Formada pela Faculdade de Medicina da USP e pesquisadora da Universidade de Paris, ela tem feito vários alertas nas redes sociais. Em um vídeo recente, defendeu ampla testagem dos estudantes nas escolas. Em Minas, não há data para o início da imunização das crianças, apenas uma previsão, a partir do mês que vem.


 

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