Com cofre vazio, HU pede socorro

Hospital enfrenta defasagem de 450 funcionários; com demanda alta, servidores estão sobrecarregados

Márcia Vieira
24/05/2019 às 21:47.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:49
 (Leonardo Queiroz)

(Leonardo Queiroz)

Com os cofres vazios e defasagem de 450 funcionários, o Hospital Universitário Clemente de Faria pede socorro para conseguir oferecer atendimento adequado à população.

“O hospital tem cadastrados 125 leitos e este número vem sendo reduzido ao longo do tempo, embora não tenha havido fechamento este ano. Mas queremos reduzir o déficit de servidores, que implica na qualidade de serviço prestado, por isso precisamos dessa mobilização da sociedade”, disse a superintendente do HU, Priscilla Izabella Menezes, em audiência pública que discutiu o assunto na Câmara de Vereadores.

A unidade de saúde é gerida pela Universidade estadual de Montes Claros (Unimontes) e os atendimentos são feitos integralmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O repasse é de R$ 5 milhões do Estado, via prefeitura.

De janeiro a março deste ano foram realizados mais de 7 mil atendimentos/mês, demanda grande para um quadro reduzido. A sobrecarga de trabalho gera queixa dos funcionários.

“Fico feliz porque se torna notório o caso dos funcionários, que estão sangrando. Temos a sensação de que vamos para casa sem ter cumprido o nosso dever”, disse Michele Santos, do sindicato da categoria. “A Santa Casa coloca um vigia na porta e ninguém entra. O HU não faz isso. Está de portas abertas e entra e sai quem quer porque não podemos nos eximir das nossas responsabilidades. Então, eu peço aos parlamentares que olhem com bons olhos essa situação”, conclamou.

“O HU não contrata funcionário de um dia para o outro. A Santa Casa, o Aroldo Tourinho e a prefeitura contratam. Infelizmente não temos concurso público”, ressaltou.

Já o representante do Sindicato dos Enfermeiros de Minas Gerais, Leonardo Silva, disse que até o direito à greve é “banido” devido à ausência de servidores.

“A gente não pode nem fazer greve porque a quantidade de enfermeiros é menor que os 30% necessários para garantir o mínimo legal de uma greve. Em termos objetivos, investiguem casos de óbitos, índices de infecção hospitalar, alta por lesão com pressão, que vocês vão ver que os cuidados são deficientes por falta de servidores. Os dados são claros e objetivos”, afirmou.

“Estive no pronto atendimento do Hospital e havia mais de 50 pessoas em espera, com os casos mais variados possíveis. Ficou claro que a gente precisa dos enfermeiros, técnicos em enfermagem, auxiliares e técnicos em radiologia, principalmente estas quatro especialidades”, alertou o promotor Jorge Victor Barreto Cunha, da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde.
 
SOLUÇÃO IMEDIATA
O Reitor da Unimontes, Padre Antônio Alvimar, destacou que foi feito um pedido ao governo mineiro para a contratação de ao menos 96 servidores para minimizar de imediato os problemas enfrentados pelo hospital.

“O governo tem se mostrado sensível e aberto ao diálogo na tentativa de encontrar uma solução. Desta audiência saem os encaminhamentos que atendem a necessidade do hospital e vamos continuar lutando para melhorá-lo, tendo em vista que e tem grande demanda e a gente tem que levar em conta que a população está envelhecendo. Isso exige que a gente se prepare”.

Quem precisa de atendimento no HU passa aperto. “São poucos funcionários. Eles não têm condições de dar atenção aos pacientes porque ficam sobrecarregados”, disse Maria Aparecida, assistente social e professora.

“Já cheguei a ficar uma madrugada inteira à espera de atendimento”, relata a autônoma Solange Ferreira dos Santos.

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