Cidade Industrial reivindica melhorias

Jornal O Norte
05/05/2006 às 10:21.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:34

Iran Ferreira


Repórter


onorte@onorte.net

Localizado na região norte de Montes Claros, o bairro Cidade Industrial clama por socorro. Fundado em 1993, o bairro com aproximadamente 800 famílias, está sem infra-estrutura. Durante uma visita de duas horas, a reportagem de O Norte percorreu as ruas da comunidade, e ouviu as principais reivindicações dos moradores. Ruas cheias de buracos, algumas sem água, iluminação e rede de esgoto. Essa é a atual situação do bairro Cidade Industrial.




Vice-presidente Maurisan diz que rua 39 ganhou apelido


de Brejo dos Sapos
(fotos: Wilson Medeiros)

Dona Sueli de Oliveira mora às margens do rio Cedro, no final da rua 40. Segundo ela, a chuva abriu uma cratera e está degradando o rio e com tempo à própria casa dela pode ser atingida.

- A solução para isso é o manilhamento da rua. Só assim o problema do rio e eu meu, de não perder minha casa, pode ser resolvido - disse dona Sueli.

BREJO DOS SAPOS

Todas as ruas do bairro não possuem asfalto e estão em péssimas condições. Algumas estão intransitáveis. Como a rua 39. De acordo com o vice-presidente da associação de Moradores, Maurisan Gonçalves, por causa dos problemas a rua ganhou o apelido de Brejo dos sapos.

- A água não tem lugar para escorrer e acaba ficando acumulada na rua, impedindo a passagem das pessoas e até pode trazer doenças. Por causa desses problemas, a rua já foi apelidada de Brejo dos sapos.

As ruas dez e 15 estão na mesma situação. Morador da rua dez, o deficiente José Batista, sente dificuldades para sair de casa.

- Com monte de buracos, é praticamente impossível sair de casa - conta José.

O vice-presidente conta ainda que, em uma reunião entre vários secretários e representantes da comunidade, o ex-secretário de Serviços Urbanos, Jessé Lima assumiu o compromisso de fazer a reforma da praça, inclusive a iluminação do lugar.

- Onde estão esses serviços?

SEM INFRA-ESTRUTURA

Outros problemas enfrentados pelos moradores da comunidade é a falta de rede de esgoto, água e iluminação. Somente a parte alta do bairro goza desses benefícios.

A rua 10, localizada na parte baixa, não tem rede de esgoto, água encarnada e iluminação. A solução encontrada pelos moradores é buscar água no rio Cedro, que passa próximo a comunidade. Eles andam mais de dois mil metros para chegar até o local. Seu Antonio Luiz do Nascimento vai todos os dias pegar água para mãe, a aposentada Maria Rosalina Nascimento. Segundo ele, a água é usada nas atividades domésticas.




Antônio Luiz diz que vai todo dia buscar água


para a mãe Maria Rosalina


- Busco água para a minha mãe lavar roupa, limpar a casa e, muitas vezes, para cozinhar. Quando não estou é ela quem vai pegar. Se tivesse água encarnada, tudo ficaria mais fácil - disse Antonio.

Para beber água, os moradores pedem emprestados para os vizinhos.

De acordo com o presidente da associação Beneficência Comunitária, Gilmá Francisco Oliveira, que reivindica junto com os moradores melhorias para o bairro, um relatório da Copasa diz que a água do rio é imprópria para o consumo.

- De acordo com o relatório, a água não pode ser usada para beber. Pode ser usada para lavar roupa, para limpar casa e outras coisas, nunca para beber - afirma Gilmá.

SOBRA MATO E FALTA MÉDICO

Praticamente todos os lotes da baixa do bairro estão cheios de mato. De acordo com a dona de casa Jenislene Salles, por causa do matagal, ela já encontrou cinco cobras, uma dentro do berço do sobrinho de nove meses.

Dona Jenislene exibe chocalho de cascavel que, segundo ela, tinha sete anos...

- Isso é absurdo. Aqui ponto nós chegamos. Encontrei uma cobra no berço do meu sobrinho. Isso não pode continuar, queremos melhoria já - pede Jenislene.

Localizado na parte central do bairro, o posto de saúde estava fechado. Segundo Gilmá, a unidade está sem médico.

- O bairro cresceu muito. O número de famílias aumentou e precisamos de um médico - pede Gilmá. A dona de casa Josy Aparecida Mendes, grávida, até hoje não recebeu o exame de confirmação da gravidez.

- Já fiz o exame e até hoje não recebi o resultado. Os hospitais não me atendem por que não tenho a confirmação da gravidez - conta Josy.

A moradora Margarida dos Santos tem depressão e precisa de acompanhamento médico. De acordo com ela, sem um médico tudo fica mais difícil.

- Preciso sempre ir ao médico, mas como aqui não tem, e não tenho condições de ir a outro lugar, acabo eu mesmo dando um jeito nas minhas dores, disse Margarida.

PETI

Segundo o vice-presidente Maurisan, o bairro Cidade Industrial faz parte do Peti - Programa de erradicação do trabalho infantil, mas não funciona com um todo.

- O bairro tem o Peti que deveria atender 50 crianças. Mas ele ainda não funciona completamente. Faltam as atividades, principalmente esportivas - afirma o vice-presidente.

Maurisan explica que o programa funciona em um pátio de uma fábrica, próximo do bairro, mas teve que ser parado.

- Em uma reunião, que fizemos com a prefeitura ficou decidido que nós arrajarimos o local e ela faria a reforma do lugar para que o programa voltasse a funcionar. A pastoral do bairro foi o local escolhido para ser a nova sede do Peti. A prefeitura assumiu o compromisso de reformar o lugar e que o programa ia voltar a funcionar em dezembro do ano passado. Já estamos em maio de 2006, e até agora nada foi feito. Cansamos de viver de promessa, queremos soluções.

RESPOSTAS

A secretaria municipal de Saúde informou que a contratação do médico para o Programa saúde da família do bairro Cidade Industrial já foi providenciada. Segundo a secretaria, a demora na contratação ocorre por que há dificuldades em encontrar profissional interessado em exercer as atividades no bairro em razão, especialmente, da distância.

Sobre a questão na entrega dos resultados de exames, a coordenação do programa está apurando os atrasos no repasse destes diagnósticos. A secretaria informou ainda que a unidade, assim como todas as outras existentes na cidade, ficaram fechadas pela manhã em razão da participação das equipes no seminário de sensibilização para o atendimento integral ao idoso.

Já a secretaria municipal de Serviços Urbanos, informou que o roçamento e a varrição do bairro já constam no cronograma de ações da secretaria em execução. Os trabalhos foram retomados com fim do período chuvoso. Lembra ainda que o procedimento no bairro Cidade Industrial é em sua maioria de ordem manual, sendo em muitos trechos inviável a utilização da roçadeira mecânica.

À respeito do cascalhamento, patrolamento das vias do bairro, a secretaria de Obras e Serviços Urbanos planeja para que em torno de trinta dias os trabalhos sejam iniciados no local. E sobre a rua 40, a secretaria informou que quando forem iniciadas as intervenções de cascalhamento e patrolamento, será verificada a viabilidade e/ou necessidade de se colocar uma manilha no local.

A secretaria informou ainda que a revitalização da praça do bairro que compreende a limpeza, a instalação de bancos e arborização deverá ser concluída até o final deste semestre. Quanto ao projeto de iluminação pública, a secretaria de Obras informou em cumprimento ao convênio firmado entre a prefeitura de Montes Claros e a Cemig, a companhia tem até o fim de 2006 para garantir 100% de iluminação pública na cidade.

SEDE DA PASTORAL

Em relação à falta de local para a realização das atividades do Peti, a secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social informou que estuda com o apoio da comunidade a identificação de um local apropriado para que as crianças do bairro Cidade Industrial possam realizar os trabalhos preconizados pelo programa.

Ainda segundo a secretaria, o espaço indicado pela comunidade, a princípio, a sede da Pastoral da Criança, não pôde ser viabilizado em razão do fato de que juridicamente a administração não pode intervir em espaços que não foram funcionalmente destinados para a prefeitura.

COPASA E CEMIG

A Copasa informou que a rede de esgoto não foi instalada ainda por que os moradores do bairro que se responsabilizaram pela instalada dos ramais internos e não a fizeram. Segundo a companhia, o serviço só será realizado quando 169 casas estiverem com as instalações prontas.

A reportagem tentou entrar em contato com a Cemig durante todo o dia, mas a pessoa que poderia falar sobre a questão da iluminação do bairro Cidade Industrial não foi encontrada para falar sobre o assunto.

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