
Há 12 meses a Prefeitura de Montes Claros anunciou novo prazo para finalizar a construção do Centro de Educação Infantil (Cemei) do Bairro Monte Carmelo – 28 de maio de 2019. A data limite já passou e, no local, nem sinal de quando os trabalhos deverão ser concluídos. Enquanto isso, alunos e funcionários tentam se acomodar em um imóvel alugado que não oferece as condições para abrigar uma escola de educação infantil.
A própria diretora do Cemei Professora Ana Lúcia Mota, Jania de Oliveira Pereira, afirma que o imóvel alugado para atender a demanda do Monte Carmelo funciona precariamente. “O prédio abriga, em dois turnos, 230 crianças e 53 funcionários, sem falar os auxiliares, com grande perigo para as crianças em função dos degraus. São muitos os acidentes”, ressalta.
Os poucos banheiros existentes – três – não são adequados para as crianças. “É muita gente para um espaço tão pequeno. As tomadas não funcionam, a caixa d’água não é suficiente, as salas são apertadas e o pátio, igualmente, não é adequado para as atividades. O prédio não atende as necessidades da escola. Aqui a gente vai levando, mas não é o adequado”, avalia Jania.
Viabilizada pela gestão anterior com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), a escola em construção deveria ter sido inaugurada em 2017. Prazo estendido para maio deste ano e, após tanta espera, moradores não são muito otimistas ao observarem o andamento da obra.
Apenas dois operários trabalham no local, conforme denúncia feita na reunião desta terça-feira na Câmara Municipal pela vereadora Néia do Criança Feliz (DC).
No local, O NORTE não encontrou ninguém trabalhando na manhã de ontem. Segundo vigias, havia dois operários que foram deslocados para outro empreendimento. Até mesmo material de construção está sendo retirado e levado para a construção de outra unidade, no bairro Delfino Magalhães.
Indignação e vandalismo
Nas proximidades da obra parada, O NORTE encontrou Cleidiane Rodrigues com os dois filhos. O menor, João, frequenta o Cemei que funciona em prédio alugado. Cleidiane se diz indignada com a demora na entrega da escola. Além de prejudicar a educação das crianças, o local já foi alvo de vândalos – o telhado já foi roubado.
A manicure Graciely Rodrigues, de 33 anos, disse que, enquanto a obra não anda, tem dificuldade para levar à creche a filha Maria Vitória, de 4 anos.
Crianças passam mal
As condições precárias do prédio que abriga o Cemei atualmente são reforçadas por Maria Luiza, vizinha do prédio em construção e do alugado. “Eles já marcaram muitas datas para finalizar a obra. O prédio alugado está quase caindo, ruim demais. Os cupins estão comendo as madeiras. Na época do calor, é muito comum menino vomitando, com disenteria, porque lá é pequeno e quente, os bichinhos ficam ali como se estivessem numa chocadeira”.
A vereadora Néia do Criança Feliz conta que foi ao Cemei do Monte Carmelo e ficou impressionada com a situação. “A obra está muito lenta. Havia apenas duas pessoas trabalhando e, toda vez que a gente vai lá fiscalizar e cobrar, é sempre do mesmo jeito: ou tem poucos funcionários ou está parada”, diz.
No local que deveria ser um canteiro de obras, O NORTE encontrou apenas o vigia José Osmar. “Até ontem (segunda-feira) tinham dois operários, que hoje foram transferidos para obra da empreiteira no bairro Delfino Magalhães”. A prefeitura não deu retorno sobre o assunto.