Produto queridinho dos norte-mineiros e que não pode faltar em várias receitas, a carne de sol produzida e vendida em Montes Claros e em Mirabela está no alvo da fiscalização do Procon Estadual. O órgão se uniu a várias instituições públicas para elaborar uma estratégia conjunta de verificação da qualidade desse produto. E as ações já devem começar no próximo mês.

O objetivo é garantir a segurança alimentar e nutricional nos setores de produção e revenda da carne de sol dos dois municípios, de acordo com as normas sanitárias e com os padrões de qualidade preconizados na legislação.

Segundo o coordenador do Procon Estadual e promotor de Justiça Amauri Artimos da Matta, a medida visa diagnosticar a situação do setor, com o apoio dos órgãos públicos parceiros e realizar audiência pública para discutir os problemas com a sociedade e os agentes econômicos.

A ideia é elaborar um formulário de fiscalização para investigar a origem da carne que está sendo revendida aos consumidores. E também as condições sanitárias do estabelecimento, qualidade da carne e os aspectos visuais do produto.

O promotor de Justiça afirmou que serão tomadas providências já no próximo mês para fiscalização de impacto em Montes Claros contra o transporte de carne bovina e suína de origem clandestina, com o auxílio da Polícia Militar.
 
CLANDESTINO
Existe hoje uma grande preocupação em Montes Claros de que grande parte da carne in natura vendida na cidade seja proveniente de abatedouros clandestinos. Isso ofereceria risco para a saúde pública e teria impacto também na qualidade da carne de sol. 

O Procon Municipal, que participou da reunião entre vários órgãos no município para tratar do assunto na última semana, se dispôs a levantar junto aos supermercados informações sobre a origem da carne adquirida por eles e a quantidade que comercializam. Isso poderá ajudar o Instituo Mineiro de Agropecuária (IMA) a verificar, dentre o percentual de 67% da carne consumida no município que a entidade estima resultar de abate nos frigoríficos locais, quanto provém de outros frigoríficos legalizados e quanto proviria de abate clandestino.

Tão logo o diagnóstico esteja pronto, o coordenador da Regional do Procon-MG em Montes Claros, Felipe Caires, disse que adotará as medidas necessárias para a realização da audiência pública nos dois municípios, com o envolvimento dos poderes Legislativos locais, de açougueiros, supermercadistas, sindicatos, sociedade rural e veterinários.

O arroz com pequi e carne de sol é uma das principais comidas típicas de Montes Claros. Acostumada a consumir o produto, a dona de casa Marta Helena Fonseca diz, no entanto, que não consegue distinguir uma carne boa da ruim. “É difícil fazer essa análise da carne de sol. Diferentemente da normal, que olho se está bem vermelhinha e com sangue, acho que assim consigo saber que são boas para consumo. Agora a de sol, tenho que confiar no açougue”, afirma. 

Carne de sol assada é uma das guarnições do restaurante de Pedro Damasceno, que fica no Centro da cidade. Ele compra 50 quilos a cada dois dias. “Tenho um açougueiro de confiança. Na verdade, compro direto da fonte, com os donos dos bovinos. Antes mesmo de ir para o açougue vou ao local e vejo como a carne é preparada”.
 
ATESTADO
Essa verificação da qualidade não é uma tarefa fácil. Por isso a fiscalização se torna fundamental para garantir a qualidade do produto vendido. “Quando fazemos essa análise apenas visual, não temos a garantia que esse produto tenha organismos patogênicos que prejudicam a nossa saúde. O que poderia ajudar a identificar que a carne é de boa qualidade seria o documento de padrão de qualidade e identidade”, explica a mestre em ciência e tecnologia de alimentos Priscilla Carvalho Oliveira, professora da Funorte e consultora alimentar.
* Colaborou Christine Antonini

Compartilhar