Banana e batata são vilões na disparada da inflação

Índice chega a 2,23% no primeiro trimestre, mais que o dobro do mesmo período de 2018

Christine Antonini
Publicado em 10/04/2019 às 00:07.Atualizado em 05/09/2021 às 18:10.
 (MANOEL FREITAS)
(MANOEL FREITAS)

A inflação pesou no bolso dos consumidores de Montes Claros no primeiro trimestre deste ano. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) fechou em 2,23%, mais que o dobro do registrado no mesmo período do ano passado (1,06%). Banana e batata estão entre os vilões no quesito alimentos.

Segundo o levantamento feito pelo Departamento de Economia da Unimontes, que acompanha o índice de preços em diversos setores da economia, alimentação e moradia foram os setores que mais puxaram a inflação para cima nos três primeiros meses deste ano, com peso ainda maior em março.

O relatório referente ao terceiro mês do ano revela uma inflação de 0,92% – o maior índice mensal em 2019. A banana teve uma explosão de 33,2% no preço em relação a fevereiro. Já a batata ficou 25,7% mais cara.

Mas as altas não pararam por aí. Para a dona de casa, cada ida ao sacolão é uma surpresa. O valor do quilo do maracujá subiu 22,7%, o do mamão, 22,3%. Para colocar a abóbora no cardápio foi preciso pagar 19% a mais. E o tomate, que não pode faltar em uma salada que se preze, estava 18% acima do preço praticado em fevereiro.

Para quem, nesse período de Quaresma, não come carne e opta pelos ovos, teve que desembolsar, em média, 7,8% a mais pela dúzia. E o preço do feijão também ficou 7,58% mais salgado.

Além de despesas com alimentação, o levantamento da Unimontes constatou altas em aluguel (6,26%) e IPTU (4,57%).
 
PESQUISAR
Se não bastasse a alta dos preços, ainda há a variação de um estabelecimento para o outro, o que exige que o consumidor ande e pesquise para economizar.

O valor do quilo da banana prata, por exemplo, foi encontrado por O NORTE a R$ 3,99 em um supermercado e a R$ 4,29 em outro estabelecimento – diferença de 7,51%. São R$ 0,30 por quilo, valor que parece pequeno, mas que no final da compra, ao reunir vários itens, pode fazer grande diferença no orçamento familiar.

A dica da coordenadora do IPC da Unimontes, Vânia Vilas Boas, é pesquisar os dias de promoção de produtos. A especialista pontua que o aumento no preço das frutas é devido ao longo período de estiagem em algumas regiões – onde a lavoura foi perdida – e muita chuva em outros pontos –em que a plantação não vingou.

“Os supermercados fazem promoção em dias certos da semana, essa é a oportunidade de levar mais por menos. Outra alternativa é substituir os alimentos por outros mais baratos e cortar os supérfluos”, ressalta a coordenadora.

Bartolomeu Ramos, que trabalha com manutenção de piscina, compra frutas e verduras na terça-feira em um supermercado e o restante da feira é feita no sábado, em outro estabelecimento. “Carne só compro na segunda porque está na promoção. Em média, gasto R$ 300 com hortifrúti. Tenho dois meninos em fase de crescimento que precisam se alimentar bem”, pontua.

A engenheira civil Thais Franciele Costa começou há dois anos uma reeducação alimentar – verduras e legumes não podem faltar no prato.

“Economizo em outras coisas, mas não deixo de comprar alimentos saudáveis, indispensáveis para uma boa dieta”, diz.

Em janeiro, conforme o estudo do IPC/Unimontes, o percentual inflacionário em Montes Claros foi de 0,64%. Já em fevereiro, o índice ficou em 0,65%. Vânia Vilas Boas alerta que a tendência para os próximos meses é a de continuação de alta da inflação.

“Agora é hora de economizar, pois não temos previsão de que a inflação diminuirá. Os próximos vilões serão os remédios e combustíveis”, avalia. No dia 1º de abril, os medicamentos foram reajustados, o que deve impactar na inflação dos próximos meses.

Sobre a cesta básica, o aumento de um mês para o outro foi de 4,45% – ao custo de R$ 340,28. O IPC/Unimontes é feito com base na pesquisa de preços de produtos, bens e serviços em 400 estabelecimentos comerciais da cidade, com coleta de dados sempre no primeiro dia de cada mês. O cálculo é feito com base no rendimento de famílias entre um e seis salários mínimos.

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