Bairro é lixão a céu aberto

Além do mau cheiro, insetos e animais peçonhentos, área sem iluminação atrai criminosos no Canelas

Manoel Freitas
O Norte - Montes Claros
01/12/2018 às 06:26.
Atualizado em 28/10/2021 às 04:00
 (MANOEL FREITAS)

(MANOEL FREITAS)

Conviver com o maior lixão a céu aberto da cidade tem sido uma rotina difícil para os moradores do bairro Canelas, próximo à Rodoviária de Montes Claros. Lixo orgânico, entulho, material reciclável e até móveis são descartados no terreno que deveria receber apenas entulho em caçambas e podas de árvores.

No entanto, os cascos são insuficientes para o volume de material que chega ao local e tudo é jogado na terra. Além da sujeira, que gera mau cheiro e favorece a proliferação de insetos e animais peçonhentos, a falta de iluminação e de vigilância à noite e nos fins de semana tem contribuído para o aumento da criminalidade.

Moradores estão preocupados com a insegurança que tem reinado na região. Ao cair da noite, o local se transforma em ponto uso de drogas e de prostituição, com uso dos sofás e colchões descartados no terreno.

O descaso da prefeitura com o bairro ganhou a tribuna do Legislativo nesta semana através dos vereadores Ailton do Village (PHS) e Valcir da Ademoc (PTB).

Um quadro que desafia, além da Secretaria de Serviços Urbanos, a Vigilância Sanitária.
 
ARMADILHA
Na esquina das ruas Cosme Antunes e Herculano Miranda outra situação chama a atenção – a destruição de caixa pluvial representa enorme perigo para motoristas e pedestres. No buraco que ficou, por causa da falta de uma grade, há risco de queda de pessoas e de automóveis.

O pedreiro Marcos Alves da Silva, de 40 anos, que cria animais em dois lotes em frente ao lixão, sinalizou o buraco para escoamento de água de chuva. “Recentemente uma viatura da Polícia Militar caiu aqui”, disse o pedreiro. “Eu vejo isso aqui todo dia: lixo, água empossada, caixa destruída. Mas o prefeito está enrolando, demorando muito para fazer alguma coisa”, lamenta.

O também pedreiro Geraldo Lúcio da Silva, de 58 anos, que mora nas proximidades e passa diariamente ao lado do lixão, diz que tem muita coisa que precisa ser olhada pela prefeitura no bairro. Ele conta que a avenida que margeia o lixão não tem iluminação. “Quando dá 17h, só dá malandragem aqui, muito vagabundo andando para lá e para cá. Um banditismo só”.

Seu João José da Silva, de 65 anos, 15 deles como carroceiro, lamenta que a Secretaria de Serviços Urbanos não esteja mais retirando as caçambas quando ficam cheias, forçando os carroceiros a jogarem entulho em área cada vez maior.

Enquanto o jornal O NORTE registrava o problema, Pedro Caciano, há 25 anos trabalhando como vigia na Esurb e prefeitura, disse que o terreno é destinado apenas para a poda e entulho, admitindo que os cascos disponíveis não são suficientes.

“A prefeitura vai limpar segunda-feira”, garantiu aos três carroceiros que utilizavam o local, informando à reportagem que o problema é agravado “porque muitos motoristas entram com os carros aqui no sábado, após o meio-dia, e no domingo, minha folga”.

Durante a semana, garante que só deixa carroça entrar. Mas afirma que nem mesmo a própria população do bairro ajuda. “Eles vêm com o carro e querem jogar entulho de qualquer jeito”.

Ignorando os riscos de contrair doenças no lixão do Canelas, Rita Barbosa, de 62 anos, disse que é ali que ganha dinheiro. “Tem muita gente que sustenta a família com reciclagem, catando um pouco aqui, outro ali”, conta. Para ela, o que é problema para alguns, é solução para outros.

O secretário de Serviços Urbanos, Vinícius Versiane, foi procurado para falar sobre o assunto, assim como a assessoria da prefeitura. Mas não responderam até o fechamento desta edição.

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