Artesãos imploram pelo retorno das atividades em MOC

Ainda sem autorização para voltar a comercializar artesanato em feiras da cidade, profissionais encaram complicada situação financeira

Márcia Vieira
O NORTE
29/10/2021 às 00:02.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:09
 (Divulgação)

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Dos cerca de 200 feirantes que comercializavam seus produtos no Bairro São José antes da pandemia do Covid-19, apenas cerca de 95 conseguiram retomar o ofício no local. Os demais esperam ainda uma autorização do município para voltar a comercializar as peças. Motivo do veto: o trabalho deles é configurado como artesanato, considerado como não essencial no momento, dependendo do material com que trabalham. 

Para Geraldo Élcio, Coordenador do setor de Hortifruti da região do Pentáurea, que está liberado para funcionar na feira, não há justificativa para essa proibição, vez que praticamente todas as atividades já foram flexibilizadas. 

“Estamos investindo contra a cultura da nossa cidade de produzir artesanato. Enquanto em vários lugares como Sete Lagoas e Belo Horizonte a feira hippie já voltou, Montes Claros está na contramão”, reclama, acrescentando que está penalizado com a situação dos muitos colegas. 

“Tem muita mulher arrimo de família que só tinha essa renda e está em situação de miséria, com problemas psicológicos. Famílias sendo desagregadas por questão financeira. Materiais como vidro, madeira e tecidos compõem o artesanato, então não se pode dizer que é o manuseio porque lojas que vendem estes materiais estão abertas. Não tem explicação”, frisa Élcio.
 
SEM LUZ 
G. S. é uma das artesãs que diz já não conseguir ver a luz no fim do túnel. “Com o mês de dezembro chegando e nenhuma sinalização da prefeitura para o retorno dos artesãos, não consigo imaginar como vai ser o nosso Natal. Já fiz o que pude, desfiz do pouco que tinha para dar conta de manter pelo menos as contas da casa em dia. Meus filhos estão me ajudando há bastante tempo e sem essa ajuda nem estaria comendo”, relata. “Pegava muitas encomendas. Agora as pessoas não me acham mais porque o ponto de referência era a barraca. Ficou difícil e tudo está muito caro”, lamenta a mulher, que pediu anonimato.

Raimunda Baliza está há mais de 20 anos na feirinha da Matriz, que tem cerca de 180 participantes ativos. Ela lamenta pelas colegas que não têm outro trabalho. “Esse trabalho me ajudou a comprar casa e formar meus filhos. Eu vendia muito bem. Não tenho certeza se vou voltar, por causa do meu marido que é grupo de risco, mas vou manter a barraca com a placa porque ali, para mim, é uma vitrine”, pondera. “Estou nessa guerra com as minhas colegas. Gosto muito do prefeito, mas não entendo essa atitude dele. Não tem nada que justifique impedir os artesãos de trabalhar”, frisa Raimunda. 

Em busca de solução definitiva
A coordenadora da feira do São José, Rita Cristina Costa, diz que várias reuniões com o Legislativo foram realizadas em busca de solução, sem sucesso. “Aguardamos que o município tome uma posição urgente. Já fizemos tudo que era possível”.

Na próxima semana, ela e Fátima Xavier, coordenadora da feira da Matriz, esperam se reunir com o procurador Otávio Rocha em busca de uma resposta definitiva. “Se não tiver solução vamos procurar um galpão ou algum lugar central para fazer a feira, mesmo que tenhamos que pagar”, disse Fatinha. 

O vereador Stalin Cordeiro (Podemos), autor de um dos ofícios enviados ao prefeito, salienta que “a liberação poderá vir nos próximos dias”.

Até o fechamento da edição, o procurador Otávio Rocha não deu retorno. 

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