Artesãos querem espaço: desde o início da pandemia eles não podem expor produtos nas feiras livres

Márcia Vieira
O NORTE
26/08/2021 às 00:02.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:45
 (reprodução facebook Feira SAT Bairro São José)

(reprodução facebook Feira SAT Bairro São José)

Artesãos que expõem seus trabalhos nas feiras livres de Montes Claros estão impedidos de trabalhar desde o início da pandemia pelo município. Parte deles não tem outra fonte de renda e depende da venda dos produtos para manter as contas em dia.

“O impacto foi muito grande. Tive que ser ajudada por meus filhos para conseguir pagar as contas. Comprava material em São Paulo e em quantidade maior para ficar mais em conta. Sem a previsão de venda, eu não posso investir. Às vezes, um cliente que já conheço até quer encomendar, mas falta uma linha ou outro material. É uma situação complicada”, afirma Magda Sarmento, que há mais de 20 anos trabalha com artesanato roupas infantis e mantinha barraca em duas feiras, a do bairro São José e a da Praça da Matriz.

Ela diz não entender o motivo pelo qual os artesãos continuam impedidos de trabalhar nas feiras. “Artesanato não é diferente de hortifrúti e estes produtores já estão trabalhando normalmente. Não entendo, porque voltou praticamente tudo, clubes, bares que estão sempre cheios, e não é o artesanato que gera aglomeração. São vendas simples, a pessoa gosta do produto e compra sem demora. É possível manter a distância entre as barracas, tem espaço para isso”, argumenta. 
 
TUDO PARADO
Há cerca de 40 anos confeccionando artigos diversos, como bonecas de pano e roupas para crianças, a artesã Maria Lúcia Alves foi afetada pela suspensão do trabalho e lamenta pelas alunas e colegas que tinham na feira uma vitrine para mostrar e comercializar os produtos.

“As datas comemorativas sempre foram muito boas para vender. Vem aí o Dia das Crianças, o Natal e não temos ainda nenhuma informação se vamos conseguir trabalhar ou não. É uma pena porque está tudo parado. Tínhamos grupos de mães aprendendo o artesanato e produzindo bem. Elas compraram máquinas e, além de funcionar como uma terapia, tinham ali um rendimento. Muitas delas são arrimo de família”, relata Lúcia.

Para a artesã, o funcionamento da feira, apesar de curto, das 17h às 21h, era muito significativo para todos, artesãos e clientes. “Muitos não sabem como nos encontrar. E o projeto teve que parar. Será que é o artesanato que vai levar o vírus?”, questiona.
 
MESAS NO LUGAR DE BARRACAS
Um feirante que pediu para não ser identificado diz que o espaço que abriga a feira do São José está sendo utilizado por proprietários de bares para colocar mesas. “Não pode ter artesanato, mas pode encher a praça de mesas e pessoas? Não entendemos por qual motivo os artesãos não podem trabalhar. Não há coerência nessa decisão da prefeitura”. 

O vereador Rodrigo Cadeirante enviou ofício (1032/2021) ao prefeito pedindo o retorno imediato dos artesãos à feira. “Há quase dois anos eles estão em sérias dificuldades e comprometendo o sustento das famílias”, justifica o parlamentar. Segundo ele, ainda não houve sinalização por parte do Executivo.

A responsável pela feira do bairro São José, Rita Costa, foi procurada pela reportagem, mas não retornou o contato. O procurador do Município, Otávio Rocha, também não foi encontrado para falar sobre o assunto. 


 

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