Ação barra sangue no tráfico

Operação desarticula gangue acusada de instalar novo ciclo de mortes em sete bairros

Manoel Freitas
22/12/2018 às 07:07.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:42
 (MANOEL FREITAS)

(MANOEL FREITAS)

Operação da Polícia Civil desarticulou ontem uma facção acusada de comandar o tráfico de drogas em sete bairros de Montes Claros. O grupo estaria agindo também no sentido de derrubar o acordo estabelecido entre as gangues na cidade de dar uma trégua na disputa de territórios que resultou na queda de homicídios nos últimos anos.

A ação policial teve início às 6h, no Grande Santos Reis, com a prisão de Reginaldo Nunes dos Santos, o “Diquinha”, que, poucos meses após cumprir pena, teria reassumido a função de líder de facção que dominava o tráfico de drogas nos bairros Eldorado, Vera Cruz, Vila Tupã, Santa Cecília, Vila Castelo Branco e em bairros adjacentes que compõem o Grande Santos Reis.

A operação contou com 16 homens da Polícia Militar em 10 viaturas, além de policiais da 11ª Delegacia Regional de Polícia Civil, que cumpriram o mandado de prisão expedido contra Reginaldo. A polícia chegou até o acusado por meio de informações do serviço de inteligência.

“A ofensiva da gangue teria como fundamento evitar a ocupação do território e mudar a dinâmica do tráfico de drogas com o exercício da violência”, disse o delegado Herivelton Ruas Santana, titular da 11ª Delegacia Regional.

O trabalho para evitar o acirramento das agressões e mortes na guerra do tráfico, segundo o delegado, foca na identificação e prisão em curto período dos criminosos violentos. “Em 2012 registramos 126 homicídios, número reduzido a 33 neste ano, sendo que apenas duas mortes são relacionadas ao tráfico de drogas”, comparou o delegado.

A Justiça expediu outros dois mandados de prisão contra os irmãos de Reginaldo – Robson de Jesus Meireles, o “Rubim”, e Renato Meireles, o “Meio Quilo”, integrantes da gangue. Ambos encontram-se foragidos. Eles são acusados de envolvimento em diversos crimes, entre eles a execução, em 18 de novembro, de Farley Henrique de Jesus, de 19 anos, executado com requintes de crueldade pela suspeita de ser informante da polícia.

O delegado Herivelton argumentou que a ação busca obter mais provas contra a criminalidade. “Queremos com a operação mostrar também aos traficantes que não será possível novamente se imporem pela força, reeditando a guerra do tráfico que culminou com centenas de mortes em Montes Claros”, declarou.

A ação foi intitulada “Operação Sicário”, em alusão a sanguinário, pessoa que se satisfaz por ver ou derramar sangue, devido aos requintes de crueldade com que os acusados teriam executado Farley Henrique, que pertencia também à facção.

O corpo da vítima, morta a golpes de faca, foi encontrado no bairro Universitário, às margens da linha férrea. De acordo com o delegado de Homicídios, Bruno Rezende da Silveira, os irmãos davam nova dinâmica à criminalidade, com uso de armas brancas em face à eficácia dos exames de balística.

Segundo a polícia, “Rubim” coleciona extensa folha criminal, que inclui recepção, ameaça, desacato, lesão corporal, posse ilegal de arma de fogo e tráfico de drogas. O irmão “Meio Quilo” responde por crime de lesão corporal. Já o líder Reginaldo, o“Diquinha”, suspeito de outro homicídio há três meses, é acusado de recepção, roubo e porte ilegal de armas.
 
SEM APRESENTAÇÃO
Por decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, que acatou argumentos da Defensoria Pública, segundo a qual a apresentação de presos gera violação dos Direitos Humanos e julga antecipadamente os envolvidos, Reginaldo não foi apresentado à imprensa pela polícia, como é de praxe no fim de operações. Caso a ordem fosse descumprida, os delegados estariam sujeitos a pagamento de multa no valor de R$ 50 mil.

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