Reginauro Silva
Enviado especial
A maior surpresa na abertura dos depoimentos da CLI contra o prefeito Ronaldo Ramon, na manhã de ontem em Francisco Sá, foi a presença na platéia do vice-prefeito Mariosvaldo Casassanta, também do PFL. O próprio prefeito se surpreendeu (- É verdade, ele estava lá?) quando foi informado deste fato por O Norte, mas se recusou a fazer qualquer comentário sobre o apoio do seu vice à instalação da comissão.
Vice-prefeito Mariosvaldo anuncia a O Norte
ruptura com Ronaldo Romon
– Sua presença aqui na câmara significa um rompimento com o prefeito Ronaldo Ramon?
– Meu rompimento, de fato, ocorreu no quarto mês da administração. Hoje, eu estou apenas formalizando esse rompimento – respondeu o vice.
Em seguida, Mariosvaldo passou a alinhar uma série de motivos que o levou a tomar essa decisão. Diz que desconfiou da seriedade do seu companheiro de chapa e de prefeitura quando Ramon passou a alardear que pagaria tudo em dia, apesar das dificuldades financeiras da prefeitura:
– Eu sabia que tudo aquilo era passageiro.
Foi então que, segundo diz, passou a perceber que se encontrava diante de um verdadeiro desmando, bem como de que estava sendo excluído de todas as decisões do comando da prefeitura:
– Eles (os auxiliares diretos do prefeito) tinham medo de mim. Quando eu chegava, seus principais assessores se escondiam de mim.
O município, segundo o vice-prefeito, encontra-se em situação precária, com o Hospital municipal, que já foi modelo regional, entregue às moscas, sem remédios, médicos e até utilizando desinfetante de fundo de quintal para limpeza, o que o deixa fedorento, o que é confirmado pela ex-vereadora Maria Inês.
– Não sei como ainda não morreu gente no hospital – diz Mariosvaldo.
Também a área de educação, diz, está em situação deplorável:
– Os alunos da rede escolar não sabem se vai ter ônibus ou não para levá-los à escola.
Acrescenta que estradas e vias públicas da zona urbana estão praticamente intransitáveis.
Mariosvaldo acha salutar a instalação da CLI para apurar as denúncias feitas contra o prefeito, o que deverá esclarecer dúvidas quanto à não aplicação de recursos financeiros enviados pelo governo federal para as áreas de saúde e educação. E diz não entender por que Ronaldo Ramon aumentou em R$ 18 mil as despesas da prefeitura, ao convidar três vereadores para seu secretariado e possibilitar, com isso, a ascensão de três suplentes, todos ganhando cerca de R$ 3 mil. É por isso que, quando questionado se existe alguma possibilidade de reatamento com seu companheiro de jornada, responde de bate-pronto:
– Não, jamais, de forma alguma!