Grãos resistentes

UFMG resgata variedades de milho que são analisadas no Norte de Minas

Da Redação
22/09/2022 às 00:25.
Atualizado em 22/09/2022 às 00:28
Sementes crioulas cultivadas por agricultores familiares do Norte de Minas. (AMANDA LÉLIS/UFMG)

Sementes crioulas cultivadas por agricultores familiares do Norte de Minas. (AMANDA LÉLIS/UFMG)

Mais resistentes a pragas e mais adaptadas às regiões onde se desenvolvem. Estas são algumas das vantagens apresentadas pelas sementes denominadas “crioulas”. Cada vez mais estudadas, elas vêm ganhando, aos poucos, espaço em plantações do Norte de Minas.  

Além dos benefícios do cultivo, as sementes “crioulas” são carregadas de história e contribuem para a perpetuação de tradições.

Sementes oriundas de melhoramento genético, voltadas para a produtividade máxima, muitas vezes não possuem características ligadas à adaptabilidade de espécies e variedades. 

O resultado, muitas vezes, estas tornam-se bastante vulneráveis a pragas e doenças e exigem uso considerável de fertilizantes industrializados. A “erosão genética” deste cenário resulta também no enfraquecimento de agricultores familiares tradicionais em todo o mundo.

Foi a partir destas constatações que surgiu o projeto de pesquisa de “Melhoramento Participativo de Milho com Enfoque na Agro biodiversidade do Semiárido Mineiro”, iniciado em 2017 por meio de convênio firmado entre o Banco do Nordeste e a UFMG (campus Montes Claros).

Realidade Local
A mesorregião Norte de Minas Gerais, predominantemente semiárida, abrange uma população superior a dois milhões de habitantes, distribuídos em 140 municípios, o que equivale a 10,46% da área brasileira com este clima. A agricultura familiar nestas localizações também está vulnerável a todas as questões anteriormente citadas, tendo ainda, como condição agravante, o uso de sementes inapropriadas aos seus, agro ecossistemas específicos.

O projeto apoiado pelo Banco do Nordeste tem como meta principal o resgate e a caracterização (por meio quantificação da diversidade) de milhos “crioulos” regionais, como forma de minimizar o franco processo de perda e escassez destes tipos de materiais. “As variedades ‘crioulas’ são consideradas mais rústicas, podendo alcançar produções satisfatórias mesmo na ausência de insumos químicos industrializados. Também costumam ser bastante tolerantes às irregularidades de chuvas e exposições a doenças e pragas”, explicou o coordenador do projeto e professor Demerson Arruda Sanglard.

Durante a execução, foram realizadas expedições técnicas em diversas comunidades rurais na tentativa de prospectar-se amostras. Amostras de sementes foram gradativamente reunidas no Laboratório de Biotecnologia do Instituto de Ciências Agrárias da UFMG. Ao total, foram resgatadas 44 (quarenta e quatro) variedades locais de milho, as quais passaram por caracterizações de seus potenciais genéticos, em nível molecular.
 
TÉCNICAS BIOTECNOLÓGICAS
De acordo com o professor, o diferencial deste projeto foi utilizar-se de técnicas biotecnológicas pertinentes ao melhoramento “clássico”, porém direcionadas para o aumento da variabilidade, ao contrário dos programas de melhoramento convencionais.  

“Os resgates resultaram na recuperação de preciosos e escassos acessos ‘crioulos’, os quais foram usados no desenvolvimento de 18 novas combinações varietais”.  

Atualmente, o projeto encontra-se em fase de difusão das sementes, já tendo ocorrido 20 ocasiões de repasses da coleção envolvendo diferentes comunidades, associações e agricultores independentes. Além disso, existem mais plantios em andamento específicos para multiplicação, visando ampliar o alcance do projeto para o semeio na próxima época de chuvas (11/2022 a 02/2023).  

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