Minas do Norte

UFMG em Montes Claros usa amêndoa de macaúba em bolos

Produto vira alternativa de renda para comunidade atingida pela barragem de Fundão

Da Redação
Publicado em 22/11/2022 às 22:28.
Cookies e bolos foram produzidos a partir da amêndoa da macaúba. (DIVULGAÇÃO / ICA)

Cookies e bolos foram produzidos a partir da amêndoa da macaúba. (DIVULGAÇÃO / ICA)

Encontrado principalmente na transição entre o Cerrado e a Mata Atlântica, o coco de macaúba oferece uma série de possibilidades alimentares. Rica em betacaroteno, um antioxidante essencial para a saúde da visão, o fortalecimento da imunidade e o crescimento e desenvolvimento dos ossos, a macaúba também é fonte de vitamina C, vitamina E ômega 3, 6 e 9. E foi com foco nessas propriedades que um grupo formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e Universidade Federal de Viçosa (UFV), desenvolveu um trabalho voltado para a produção de alimentos derivados do fruto.

A atividade teve início em junho de 2021 e foi concluída em outubro deste ano. A UFOP desenvolveu uma cocada e a UFV um extrato aquoso da amêndoa. A equipe da UFMG, sediada no Instituto de Ciências Agrárias (ICA), em Montes Claros, formada pela professora Caroline Liboreiro Paiva - coordenadora do projeto na Instituição - e pela acadêmica do curso de Engenharia de Alimentos, Maria Eduarda Soares Andrade, desenvolveu produtos de panificação - como bolos e cookies - a partir da amêndoa da macaúba, rica em lipídeos de boa qualidade, além de ser rica em fibras. 

O trabalho foi voltado para a comunidade Goiabeiras, distrito de Acaiaca próximo a Mariana, e que foi atingida pela barragem de Fundão, em 2015. Segundo a professora, um fator determinante para a escolha da matéria-prima foi a abundância de macaúba na região.
 
PARCERIAS
A iniciativa contou também com a parceria de empresas. A Soleá Soleum, forneceu a macaúba, foi até a comunidade ensinar como cultivar e coletar o fruto. E a cooperativa Grande Sertão, de Montes Claros, fez a extração do óleo da amêndoa da macaúba, que foi o material do projeto do ICA. 

“A macaúba fora do endocarpo (camada mais dura da amêndoa) e já branqueada foi doada pela Soleá Soleum. Com o óleo extraído na cooperativa Grande Sertão, foi feita a farinha, a partir da qual foram desenvolvidos os produtos de panificação. Após verificação de análise sensorial, os produtos foram levados para a associação na comunidade de Goiabeiras”, explica a professora Caroline Paiva.

A associação produz produtos de panificação para a merenda escolar. Com a proposta, cria-se uma alternativa mais saudável para a alimentação nas escolas e também uma nova fonte de renda.  

“A associação é composta por 16 agricultoras familiares e, além de ter famílias que foram atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, essas pessoas foram afetadas economicamente pela pandemia. O desenvolvimento dos produtos foi uma forma que encontramos de ajudá-las a gerar uma renda extra, além de poderem vender produtos mais saudáveis ao consumidor”, conta a estudante Maria Eduarda Andrade.

A professora Caroline Paiva destacou a importância das parcerias para o desenvolvimento de trabalhos como esses e adiantou que novas atividades estão por vir.  

“Quando várias pessoas estão envolvidas, a contribuição e os frutos são bem maiores, sem dúvidas. Isso tudo nos deixou bastante satisfeitos. Inclusive, estamos com uma proposta de um novo projeto, que já foi submetido à Fapemig [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais] e estamos esperando resposta. É um trabalho de extensão semelhante a esse, na região do Norte de Minas, com a macaúba”, finaliza.

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