Reginauro Silva
Enviado especial
FRANCISCO SÁ - Dificilmente, nos últimos 30 anos, uma notícia tenha repercutido tanto nesta cidade como a da instalação de uma CLI – Comissão legislativa de inquérito para apurar irregularidades na administração do prefeito Ronaldo Ramon Fernandes de Brito - PFL. A possibilidade de cassação do mandato do prefeito e de seus direitos políticos ganhou as ruas da cidade e tornou a edição de O Norte de quarta-feira, 07, objeto de alta cotação no mercado, com oposicionistas e governistas tendo que se valer de cópias xerográficas para ampliar o que fora publicado no jornal. O maior objeto de procura e análise, sem dúvida, era a declaração exclusiva concedida a este jornal pelo vice-prefeito Mariosvaldo Casassanta de que, a partir da fala ao jornal, estava formalmente desligado da administração Ronaldo Ramon. A entrevista do vice do PFL explodiu como uma bomba nos vários setores e diversificados recantos da cidade, fazendo com que seguidores de situação e oposição passassem o dia tirando cópias do jornal e repassando-as de mão em mão.
MAIS BOMBA À VISTA
Tudo isso indica que os depoimentos a serem prestados na manhã desta sexta-feira à CLI da câmara municipal pelo vice-prefeito Mariosvaldo Casassanta e o secretário municipal de Cultura André Ruas venham colocar ainda mais lenha na fogueira, ateada pela oposição com a finalidade de cassar o mandato de Ronaldo Roman. A funcionária pública municipal Rita de Cássia e os proprietários de postos de combustíveis Lucas Silveira e Mussy Assad Mussy Kouvy são as outras testemunhas de nepotismo e da celebração irregular de contratos com a prefeitura que deverão ser ouvidos nesta sexta-feira.
O comerciante Dimas de Souza deu um depoimento
contundente à comissão (fotos: Wilson Medeiros)
Nos depoimentos colhidos ontem, quinta-feira, pela CLI, os comerciantes Adão Carlos Veloso, José Dimas de Souza e Adão Carlos Veloso confirmaram que a atual administração vem prestigiando a contratação de obras e serviços de amigos do prefeito e de vereadores aliados ao seu governo, embora a cidade tenha empresas aptas a atender as mesmas necessidades da prefeitura. Foram ouvidos pela CLI os comerciantes José Dimas de Souza, Adão Carlos Veloso e o cidadão Kedsson Luís Gonçalves.
CARTAS MARCADAS
O depoimento considerado mais contundente foi o concedido por Dimas que, entre outras coisas, revelou que não se interessa mais em participar de licitações promovidas pela prefeitura de Francisco Sá, pois essas são sistematicamente vencidas pela empresa Palimontes, de Montes Claros, com a qual não tem condições de competir, ou de cartas marcadas em relação a uma empresa da família do prefeito. Isto, em detrimento de empresas existentes na cidade, que recolhem regularmente impostos ao município.
A vereadora Célia Oliveira é a relatora do processo
contra o prefeito do Brejo
Citou casos de licitações viciadas, em que já se conhecia o resultado antes do anúncio oficial ou em que, de forma questionável, se colocava em concorrência o global até cem itens, quando sua empresta, tranqüilamente, apresentava preços melhores em pelo menos vinte itens, mas que era sempre derrotada:
- Eu me sentia usado nesse processo e, por isso, jamais voltei a participar dessas simulações de licitação.
O cidadão Kedsson Luís também presta
depoimento contra a administração
Todas as pessoas ouvidas ontem confirmam que o prefeito Ronaldo Ramon contratou parentes de todos os graus para auxiliá-lo na gestão da prefeitura ou para garantiu sua maioria na câmara municipal e nas diversas secretarias. E que, na contratação de obras e serviços, com ou sem licitação, os vencedores são sempre seus parentes, amigos ou pessoas ligadas a vereadores que lhe dão sustentação na câmara municipal e que participaram da campanha eleitoral.
VAI ESQUENTAR
O clima deve ser aquecido ainda mais nesta sexta-feira, quando a CLI deverá ouvir o vice-prefeito Mariosvaldo Casassnta, que anunciou seu rompimento com Ronaldo Ramon em entrevista exclusiva a O Norte, e do secretário municipal de Cultura André Ruas, da funcionária pública municipal Rita de Cássia e dos proprietários de postos de combustíveis Lucas Silveira e Mussy Assad Mussy Kouvy.