
Da fabricação de queijos para o armazenamento de forragens, com bons resultados para os pecuaristas. O tradicional cincho – molde usado para apertar o laticínio – foi adaptado no Norte de Minas para ajudar na alimentação do gado durante os longos períodos anuais de estiagem.
A tecnologia é usada para armazenar forragem em pequenos bolos vegetais compactados e tem se mostrado uma garantia de sobrevivência dos animais e de renda para produtores de pequeno porte que exploram a pecuária leiteira.
Em Brasília de Minas, a cerca de 100 quilômetros de Montes Claros, a equipe da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) tem divulgado intensamente a tecnologia de implantação de silos cincho na agricultura familiar.
A iniciativa começou em 2015, na comunidade chamada Raiz, com a confecção experimental de um silo desse tipo, que dispensa o uso de trator para a compactação da matéria vegetal e armazena quantidades menores de forragem.
“Nos últimos anos, já realizamos vários eventos para apresentar as vantagens do silo cincho e o processo de montagem. A prática já se tornou comum aqui no município e em outros vizinhos, o que demonstra a satisfação com o processo”, afirma o extensionista agropecuário Manoel Milton de Sousa.
Ele explica que o silo cincho é ideal para a agricultura familiar, pois geralmente as propriedades têm poucos animais e também pouco material forrageiro para ser transformado em silagem. Além disso, por dispensar o uso de máquinas para a compactação, que é feita pisoteando a forragem, o processo fica bem mais barato.
“Em conversa com um comerciante do setor agropecuário local, ele me falou de um modelo de silo, que chamava de silo bolo. A conversa me despertou interesse e fui pesquisar mais sobre o assunto. É uma tecnologia antiga, de origem italiana, e a Emater-MG já havia utilizado essa prática, principalmente na região do Vale do Jequitinhonha, que também enfrenta longos períodos de seca”, conta Manoel Milton.
MATERIAIS
Inicialmente, era utilizada uma chapa de aço de 14 milímetros para dar forma ao silo. Mas o produtor rural Carlos Roberto, também de Brasília de Minas, teve a ideia de utilizar uma chapa de zinco, mais barata e bem mais leve, que pode ser inclusive enrolada, quando não estiver em uso.
Por ser bem mais fina que a chapa de aço, foi necessário fazer adaptações com vergalhões nas bordas superior e inferior para dar maior firmeza na forma. “Esse novo arranjo atende todos os requisitos da forma original, mas com um custo mais acessível e até mais facilidade no transporte”, diz Manoel Milton.
Além da chapa metálica (geralmente de 50 centímetros de altura por 10 metros de comprimento), os outros materiais necessários são lona plástica e corda, para acondicionar o material ensilado. Para fechar a forma, podem ser usadas dobradiças, unidas com um pino, ou cantoneiras e parafusos. “Uma forma dessas pode armazenar até seis toneladas de silagem”, informa o técnico da Emater-MG.
Mais prático e econômico
Para a forragem podem ser utilizados diversos materiais, desde capim, cana-de-açúcar, milho, sorgo e até ramas da mandioca. Um pequeno desintegrador garante que os restos vegetais sejam picados do tamanho ideal para favorecer a fermentação adequada da matéria verde, para garantir a durabilidade e a qualidade da alimentação para o gado. Para o produtor rural Carlos Roberto, as vantagens do silo cincho são diversas. “Não preciso alugar a máquina (trator) para compactar a forragem e quase não perdemos nada da silagem depois de aberto o silo. Tenho poucos animais e, se fosse fazer um silo tradicional, que é bem maior, corro o risco de desperdiçar parte do material. E tem mais, não preciso de muita forragem. Aproveitamos todo resto de lavoura que não tenha vingado, e até as ramas da mandioca, depois que colhemos as raízes”. Caso haja necessidade de alimentar um maior número de animais, é possível fazer vários pequenos silos.
*Com informações da Emater-MG