A alta infestação do mosquito Aedes aegypti deixa em alerta total 52 dos 54 municípios que integram a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros. Vetor das arboviroses dengue, chikungunya, zika e febre amarela, o mosquito pode causar grande estrago na região se não forem realizadas ações para impedir a proliferação do inseto.
Apenas dois municípios da regional – Indaiabira e Vargem Grande do Rio Pardo – apresentam baixo risco de surto por arbovirores. Em 21 deles o risco é médio e 31 têm alto risco – caso de Montes Claros.
“A situação é muito preocupante. Muitos casos positivos para dengue, zika e chikungunya estão sendo notificados”, afirma Agna Menezes, coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da SRS.
Até 22 de março, 299 casos de dengue foram confirmados em 30 municípios da regional. Os de maior incidência são Janaúba (121); Riacho dos Machados (66); Espinosa (51) e Montes Claros (33).
O registro de chikungunya soma 82 casos em 18 municípios, maioria em Montes Claros (43) e Francisco Sá (31). Para Agna, o cenário é de alerta porque a chikungunya pode causar incapacidade permanente. “Fizemos reunião com gestores e a gente usa como base os casos informados nas quatro últimas semanas. É importante que os municípios informem a situação para que o Estado adote medidas que auxiliem no controle”.
AVANÇO NO ESTADO
Em sete dias, Minas registrou 2.208 novos casos confirmados da dengue e uma morte em decorrência da doença. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), até a última terça-feira, 93.248 pessoas foram contaminadas e seis morreram em 2022.
Conforme o boletim divulgado nesta quarta-feira (6), os óbitos ocorreram em Espinosa, Bom Sucesso, Medeiros, Rio Paraíba, Buritizeiro e Betim. Além disso, há no Estado 15 mortes em investigação e 21.928 casos prováveis (notificados que não foram descartados).
Em relação à chikungunya, Minas já registrou 400 casos e nenhuma morte. Quanto ao zika, cinco pessoas foram contaminadas. Também não há óbito.
Parceria contra o Aedes
Com um índice de infestação por Aedes aegypti de 14,3%, muito acima do limite de 1% preconizado pelo Ministério da Saúde, Varzelândia realizou ações nesta semana para tentar barrar o avanço do mosquito.
“Ações como essa são extremamente necessárias para agregar mais efetividade ao trabalho de combate ao mosquito transmissor e enfrentamento das doenças. Uma população que colabora, que descarta corretamente o lixo, é uma população informada”, afirma a prefeita Valquíria Cardoso.
A mobilização na cidade faz parte de um convênio firmado entre o Conselho Intermunicipal Multifinalitário de Desenvolvimento Ambiental Sustentável do Norte de Minas (Codanorte) e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
Foram contemplados 18 municípios e o valor do repasse é de R$ 424.091,12. Até o momento, nove cidades receberam as visitas. “A luta contra esse inseto extremamente adaptado é muito complexa e exige ações coordenadas de múltiplos setores”, afirma Soraya Ottoni, coordenadora de Projetos da Codanorte.
Representante da Funasa no Norte de Minas, Roberto Carlos explica que o órgão repassa recurso, acompanha as ações e monitora o acordo. “A intenção é que os municípios possam dar continuidade, sem interrupções. Não basta aplicar o inseticida. As ações são necessárias para orientar a população”.
Entre julho de 2021 e o início de 2022, o governo do Estado já repassou cerca de R$ 22 milhões aos municípios para serem utilizados em ações de enfrentamento às arboviroses.