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Quinta-Feira,17 de Outubro
minas do norte

Setembro: calor extremo e seca prolongada na região

Montes Claros registrará temperaturas acima dos 33°C já nesta semana, diz órgão do governo

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 02/09/2024 às 20:26.

As chuvas, que costumam aliviar, provavelmente só virão em novembro, deixando setembro e outubro sob seca (LARISSA DURÃES)

O mês de setembro começa com temperaturas elevadas e chuvas abaixo da média, desenhando um cenário climático preocupante para a região norte do Estado. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Montes Claros deve registrar temperaturas acima dos 33°C já na primeira semana do mês.

Flávio Pimenta de Figueiredo, engenheiro agrícola e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), alerta que setembro trará um cenário extremo devido às mudanças climáticas que impactam todo o mundo, e o norte semiárido de Minas Gerais não será exceção. De acordo com ele, com as precipitações concentradas em poucos meses do ano, a previsão é de que as temperaturas superem as médias históricas em até 5 graus Celsius. “O aumento das temperaturas afeta tudo, desde os negócios até a saúde das pessoas”, afirma Figueiredo. Além disso, as chuvas esperadas, que geralmente trazem algum alívio, provavelmente não chegarão antes de novembro, deixando setembro e outubro dominados pela seca.

“A falta de recursos hídricos já afeta drasticamente a agricultura e a pecuária, setores que dependem da água para sobreviver. Estamos vendo 90% dos rios secos, e a água subterrânea também é de difícil acesso”, alerta o especialista. Diante dessa realidade, ele recomenda que a população adote medidas de economia de água, como evitar lavar carros ou calçadas com frequência e utilizar irrigação de maneira mais eficiente. 

Para Montes Claros, que depende de fontes como o Rio São Francisco, Figueiredo acredita que o abastecimento de água da cidade não estará comprometido a curto prazo. No entanto, ele alerta para o impacto que a retirada de água do Velho Chico pode ter no futuro, agravando a já delicada situação do rio, que enfrenta sérios problemas de assoreamento e perda de volume. “Se o Rio São Francisco secar, o norte de Minas secará junto”, adverte.

“A situação exige atenção e ação imediata, tanto do poder público quanto da população, para mitigar os efeitos de um cenário que já não pode ser ignorado”, alerta o engenheiro agrícola.

Com a seca prolongada e o aumento das temperaturas, os agricultores familiares do Norte de Minas já estão enfrentando grandes desafios. De acordo com Adrielle Jesus Freitas, técnica em política agrícola, a situação é especialmente preocupante este ano, já que as chuvas, previstas apenas para novembro, têm se tornado cada vez mais escassas e irregulares. “Essa realidade tem impactado diretamente o plantio e a colheita de culturas essenciais, como o milho”, admite.

Apesar da urgência em adotar novas práticas agrícolas que demandem menos água, Adrielle aponta que muitos agricultores ainda resistem a mudanças. “Há uma forte resistência cultural. Muitos acreditam que devem continuar com as mesmas práticas que aprenderam com seus antepassados, mesmo que isso signifique enfrentar maiores dificuldades em tempos de seca”, observa.

Adrielle observa que alguns produtores já buscam alternativas para se adaptarem às novas condições climáticas. No entanto, ela destaca a necessidade de maior integração entre universidades, órgãos públicos e entidades representativas para desenvolver políticas eficazes que minimizem os impactos da seca na agricultura do norte de Minas. “A situação é crítica e exige ações rápidas e efetivas para evitar que os impactos da seca se tornem ainda mais devastadores para a agricultura e para a vida no campo”, alerta. 

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