
Minas tem 129 municípios em situação de emergência por conta da estiagem, 34 cidades em alerta devido ao calor e um sem-número de localidades sofrendo com as queimadas. A seca, o tempo quente e os incêndios castigam praticamente todas as regiões do Estado. O cenário crítico, que agride o meio ambiente e pode até matar, deve durar pelo menos até o fim de outubro.
Do total de municípios em emergência por causa da estiagem, 67 estão no Norte de Minas. Isso equivale a 52% do total e 75% das cidades que integram a região. Ou seja, dois terços do território norte-mineiro está sofrendo com a estiagem, o que levou ao decreto.
Uma delas é Mirabela. Segundo a Defesa Civil da cidade, há duas linhas de ação por causa da seca, que afetou grande parte do município. A primeira é a distribuição de água potável com um veículo do Executivo, exclusivo para esse uso. A outra, é a distribuição de cestas básicas por meio do CRAS, após comprovação de necessidade do benefício.
A Secretaria de Transportes de Mirabela informou que cerca de 60 famílias estão sendo atendidas, principalmente no distrito de Muquém e nas comunidades de Curral Velho e Mata Barroca.
O laudo agrícola do município apontou que os principais prejuízos foram na cadeia leiteira, pecuária e lavoura.
Em Brasília de Minas, o socorro aos moradores está sendo feito por meio de abastecimento com caminhão-pipa e doação de equipamentos como canos e caixas d’água.
SEM REFRESCO
E não há perspectiva de refresco tão cedo. As previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) alertam para a ocorrência de Onda de Calor (temperatura 5ºC acima da média) em áreas do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, Oeste, Noroeste, Norte, Metropolitana, Sul/Sudoeste, Central Mineira e Jequitinhonha até as 23h59 desta sexta-feira.
Em Montes Claros, os termômetros atingiram ontem 39 graus e a perspectiva é a de esquentar mais ainda essa semana, podendo passar dos 40 graus, avisa Renan Lauton, professor de Engenharia da Unimontes.
“Temos uma massa de ar quente e tudo isso é devido à transição entre o inverno e o verão. Por isso o clima está um pouco mais quente, o ar seco, característico desse período. Um boa notícia é que podemos ter uma pancada de chuva no próximo domingo para aliviar um pouco as temperaturas elevadas”, prevê Lauton.
Enquanto domingo não chega, a orientação é para intensificar a hidratação, principalmente de crianças e idosos. O Inmet chegou a assustar muita gente ao lançar um comunicado, na terça-feira, de “grande perigo” em razão da onda de calor no Sudeste, Centro-Oeste e no Tocantins.
O alerta, que vale até amanhã, mostra que algumas cidades têm registrado temperatura superior a 40ºC – são cerca de 5ºC acima da média histórica. Os perigos à saúde vão de uma desidratação à hipertermia, que pode levar à morte.
SAÚDE
O organismo sofre para se adaptar a essas condições, alerta a especialista em Clínica Médica da Santa Casa de Belo Horizonte Télcia Vasconcelos. “Temos que ter uma temperatura corporal em constante harmonia com a do meio ambiente”.
A transpiração excessiva, que leva à perda de íons, como sódio e potássio, pode ocasionar uma desidratação, que, se não for corrigida, tende a gerar insuficiência renal. “Atendemos a várias pessoas, principalmente idosos, em que o rim para de funcionar e é preciso fazer diálise”, adverte a especialista.
Já a hipertermia, explica a médica, é uma complicação da desidratação, podendo prejudicar o “funcionamento do organismo, podendo causar lesões na pele, nos rins, no pulmão”.
HIDRATAÇÃO
Além dos maiores de 60 anos, crianças também preocupam. “Elas se esquecem de tomar enquanto o idoso perde a sensação de sede”, acrescenta a médica.
A quantidade de água que se deve beber neste calor, ensina Télcia, deve ser de pelo menos dois litros ao dia. Se a pessoa trabalha e fica exposta ao sol, perde mais líquidos, precisando de mais quantidade.
*Colaboraram Leo Queiroz e Christine Antonini
