Prêmio de R$ 10 mil será usado para compra de equipamentos para aumentar armazenamento (Emater-MG/Divulgação)
O trabalho feito por mulheres da comunidade de Panelinha, área rural de Miravânia, no Norte do Estado, foi reconhecido internacionalmente. O projeto Sabores do Cerrado, que reúne as agricultoras familiares, ficou em segundo lugar da primeira edição do Prêmio Mulheres Rurais – Espanha Reconhece, iniciativa da Embaixada da Espanha, em Brasília.
Reunidas na Associação Comunitária dos Produtores Panelinhenses (Ascoppa), cinco mulheres atuam diretamente no projeto que aproveita frutas do Cerrado para a produção de polpas usadas na fabricação de sucos, picolés, sorvetes, bombons, doces e geleias.
Outras 15 mulheres colaboram de forma indireta. A Ascoppa, que também tem outros projetos sociais, recebe assistência técnica da Emater-MG.
A comunidade de Panelinha tem uma população de 543 habitantes, sendo a maioria famílias de baixa renda. Por isso, o foco do projeto está na geração de trabalho, renda e qualificação profissional por meio do extrativismo.
A ideia é que a ação possa reduzir as vulnerabilidades sociais e também combater a violência doméstica e familiar.
PLANOS
Presidente e coordenadora social da Ascoppa, Marineide Alves Santos é também integrante do grupo de cinco mulheres do Sabores do Cerrado. O prêmio, segundo ela, foi uma satisfação enorme e os R$ 10 mil que o projeto ganhou será usado na compra de novos equipamentos para aumentar a capacidade de armazenamento das polpas e para remunerar mais rapidamente os coletores das frutas.
“Todas nós ficamos muito felizes pelo reconhecimento do nosso trabalho. Isso deu uma visibilidade ao nosso município e pode render parcerias futuras. A gente vai comprar freezers para aumentar a produção e manter um capital de giro para pagar as frutas na hora”, afirma.
Atualmente, as frutas adquiridas pelo projeto só são pagas após a venda das polpas, o que demora muito para as mulheres que comercializam as frutas de seus quintais. Assim, a Ascoppa dá em garantia para as extrativistas um dinheiro simbólico, criado pelas mulheres do projeto, chamado japuré, até poder remunerá-las com a verba real.
Para o técnico da Emater-MG no município, Daniel Victor, a premiação das mulheres de Panelinha também é importante para a extensão pública rural. “Além de reconhecer o trabalho das mulheres, o prêmio reconhece nosso apoio à iniciativa, que traz renda e gera emprego para o município. Então, para a assistência técnica e extensão rural, isso aí tá na nossa missão”, ressaltou.
PRÊMIO
O Prêmio Mulheres Rurais – Espanha Reconhece foi divulgado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). Coletivos de mulheres de Alagoas, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul foram os ganhadores do concurso. O objetivo é dar destaque às experiências que incentivem a autonomia econômica das mulheres rurais.
O prêmio é promovido pela Embaixada da Espanha junto às representações no Brasil do IICA, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e da ONU Mulheres. O concurso recebeu 482 inscrições de coletivos de mulheres que trabalham pela autonomia econômica das produtoras.
Segundo o IICA, as mulheres produzem cerca da metade dos alimentos no mundo. Em sua diversidade (indígenas, afrodescendentes, quilombolas, camponesas, pescadoras, artesãs, migrantes, empreendedoras), elas correspondem a 43% da mão de obra agrícola no mundo, mas ainda têm seu papel e importância negligenciados e estão fora dos principais espaços de decisão.
*Com Agência Minas