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Segunda-Feira,8 de Setembro

Rombo em cooperativa de produtores se aproxima de R$ 20 milhões

Jornal O Norte
Publicado em 03/01/2007 às 08:34.Atualizado em 15/11/2021 às 07:54.

Ex-procurador denuncia esquema com cheques


emitidos após a morte do correntista



 





Oliveira Júnior



Correspondente



JANAÚBA – Dois cheques emitidos em janeiro de 1999, no valor total de R$ 7,5 mil referente à aquisição de carga de banana. Nada de estranho nessa comercialização. Acontece que a proprietária da conta bancária teria morrido cerca de três anos antes da compra da fruta e, obviamente, da emissão dois cheques, um no valor de R$ 3.823,60 e o outro de R$ 3.727,20, emitidos para 21 e 23, respectivamente, de janeiro de 1999, um mês após a emissão da nota fiscal.



 






Celso Lopes de Andrade: Não tenho medo. Denuncie a incompetência e irresponsabilidade (Foto: Oliveira Júnior)



Esse esquema foi denunciado por Celso Lopes de Andrade, ex-procurador da Cooperjana – Cooperativa Mista dos produtores rurais de Janaúba – e que se encontra em apuração pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal, esta esteve em Janaúba no dia 20 de dezembro passado e recolheu alguns documentos em poder de diretores da cooperativa. A PF deve retornar à Janaúba esta semana. O rombo na Cooperjana aproxima de R$ 20 milhões.



De posse de mais de 200 caixas com documentos que comprovam a malversação da cooperativa, Celso Andrade disse que em 1998 começou a averiguar a anormalidade na prestação de contas da entidade. – Em dezembro de 1998 estava em São Paulo e presenciei a chegada de 85 caminhões carregados com banana. A carga era para um cliente que sequer tinha uma bicicleta como forma de patrimônio. Desconfiei e descobrir que se tratava de um esquema de desvio de dinheiro – citou Andrade, que já foi ouvido pela Polícia Federal.



Celso Andrade acredita que milhares de caixas com banana tenham desaparecido e apresentou vários cheques sem fundo, um dos cheques, segundo o ex-procurador, foi destinado para eventos particulares do próprio presidente da cooperativa (isto, na década passada). – Isso demonstra incompetência, irresponsabilidade e falta de interesse dos diretores – declarou o denunciante que ocupa uma das salas da cooperativa, desativada há quase 10 anos.



PEDREIRO



Na documentação apresentada à imprensa, Andrade cita o caso da venda de cargas de banana para um suposto cliente em Belo Horizonte. Esse cliente teria emitido oito cheques em valores que variavam de R$ 1,4 mil a R$ 3,2 mil, totalizando pouco mais de R$ 18 mil. Um detalhe: os cheques eram em nome de uma pessoa identificada como um pedreiro que teria tido o CPF – Cadastro de Pessoa Física – usado indevidamente por estranhos.



Ainda na entrevista coletiva à imprensa, Celso Andrade citou a venda da Indagro – indústria de beneficiamento de algodão – que pertencia à Cooperjana. Segundo o denunciante, a venda foi ilegal. Avaliada em R$ 3.112.400,00 a indústria foi negociada por cerca de R$ 800 mil, em 2005, explicou Andrade para quem a venda foi ilegal.



Fundada em 1967, a cooperativa incorporou-se, em 1998, à área de comercialização de banana. Não deu certo. A partir daí a entidade iniciou o processo de desativação. Conforme Andrade, a diretoria adquiria a banana dos produtores e a repassava para atravessadores. Não havia critério para a comercialização. O ex-procurador citou e mostrou cheques roubados utilizados para quitar dívidas com a cooperativa, notas fiscais fabricadas para cobrir rombos de diretores, cheques de ex-diretores emitidos no caixa com lembrete para que não fossem depositados.



CONTESTAÇÃO





Em nota à imprensa, o presidente da Cooperjana, Paulo Sílvio Nogueira, contesta as denúncias de Celso Andrade a quem classifica de improcedente, caluniosa e irresponsável de cunho de vingança. – Em meados de 2002, tomei conhecimento que ele (Celso) se valia de uma procuração assinada pelo então presidente Romero Alves Teles, que lhe conferia poderes ilimitados para representar a cooperativa em todos os órgãos municipais, estaduais, federais, inclusive para cobranças, conferindo-lhe por esse ato uma percentagem de 15% sobre todos os recebimentos, sem, contudo, ter respaldo legal perante o estatuto da Cooperjana – cita Paulo Nogueira.



O presidente disse ainda sobre ação de despejo contra Celso Andrade pelo uso das instalações da cooperativa por motivo de não pagamento de aluguel. – Ação que já foi ganho em Janaúba e no Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Ele (Celso) já está para ser despejado – declarou Nogueira.



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