Há seis meses, duas iniciativas apoiadas pela Agência de Desenvolvimento do Norte de Minas (Adenor) revitalizam nascentes e promovem educação ambiental para a população próxima às bacias dos rios Verde Grande e Riachão, transformando práticas de sustentabilidade regional. Com parcerias do Ministério Público de Minas Gerais, do Instituto de Ciências Agrárias do Norte de Minas (ICA/UFMG) e do Banco do Nordeste (BNB), os projetos focam na sustentabilidade hídrica.
Pávilo Miranda, presidente da Adenor, enfatiza que as ações estão alinhadas com a missão da agência de promover o desenvolvimento econômico sustentável. O projeto “Ações Socioambientais na Bacia Hidrográfica do Rio Verde Grande” abrange Montes Claros e Janaúba, envolvendo construção de barraginhas e capacitação de ribeirinhos. Na bacia do Riachão, que abastece 40% de Montes Claros, ocorre requalificação com manejo de solo e água, além de desassoreamento, apoiados pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam).
Flávio Pimenta de Figueiredo, pesquisador do projeto e docente do Instituto de Ciências Agrárias da UFMG, explica a necessidade de revitalizar as bacias dos rios Verde Grande e Riachão. “Essas bacias são de grande interesse, principalmente para a cidade de Montes Claros e para o Norte de Minas, com importância socioeconômica e ambiental extrema. O Rio Verde Grande, por exemplo, nasce em Bocaiuva e deságua no Rio São Francisco, conhecido como nosso Velho Chico. Atualmente, esses rios enfrentam processos graves de degradação, como erosão e assoreamento, causando desequilíbrios ambientais”, explica.
O projeto visa proteger as nascentes, essenciais para a infiltração da água da chuva no solo e para abastecer os aquíferos freáticos durante todo o ano. Medidas conservacionistas estão sendo implementadas para combater o assoreamento dos rios. Conforme análises do projeto, alguns pontos do Rio Verde Grande estão sem água corrente devido à degradação ambiental nas margens e nas nascentes, além do uso indiscriminado das águas. Figueiredo destacou que o diagnóstico das nascentes foi concluído e a intervenção iniciada, incluindo a preparação das áreas para o plantio de mudas durante as chuvas no final do ano. “Embora esse projeto não inclua conscientização ambiental, existem outros projetos que abordam esse tema, enfatizando a importância da preservação ambiental para as comunidades nas bacias hidrográficas”, disse.
REVITALIZAÇÃO
A bacia do Riachão, essencial para o abastecimento de água em Montes Claros, passa por um processo de recuperação. Os principais desafios incluem a retirada de projetos de irrigação que consomem grandes volumes de água e a regularização de condomínios irregulares que afetam a quantidade e qualidade da água. “A área sofreu degradação devido à ocupação, especialmente com plantações de eucalipto, prejudicando o solo e a água”, informa Rafael Alexandre Sá, engenheiro-agrônomo do Igam. Ele destaca que a revitalização é crucial para reverter esses danos e permitir que a comunidade local volte a cultivar a terra, promovendo o desenvolvimento econômico e fixando as pessoas no campo.
“Com o rio revitalizado, a população pode plantar e produzir novamente, gerando renda e sustentabilidade para a região. Isso permitirá que as famílias vivam de forma econômica e digna, como antigamente, quando pequenas propriedades familiares plantavam mandioca e criavam porcos. A intenção é fazer com que essas famílias voltem e permaneçam na região, e consigam sobrevir economicamente”, ressalta o engenheiro.