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Período difícil

Reunião discute ações para enfrentar a crise hídrica no Norte de Minas

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 03/09/2024 às 19:00.

A reunião da AMAMS reuniu representantes para discutir ações urgentes no enfrentamento da crise hídrica no Norte de Minas (LARISSA DURÃES)

Nesta última terça-feira (3), uma reunião organizada pela Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (AMAMS) discutiu os impactos causados pela seca na região Norte do Estado. Segundo dados apresentados no evento, a falta de precipitação tem causado efeitos severos para as famílias e, principalmente, para os rios da região. Estima-se que 3.550 comunidades rurais estejam sofrendo com os efeitos da seca, e cerca de 20 mil famílias estão enfrentando dificuldades de acesso à água e alimentos, conforme divulgado pela Emater.

Participaram do encontro membros da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater), do Corpo de Bombeiros Militar (CBM), do Banco do Nordeste, da Defesa Civil e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que discutiram estratégias para enfrentar a crise hídrica.

“A AMAMS já solicitou ajuda humanitária ao Governo Federal, incluindo cestas básicas, e a Defesa Civil está distribuindo ajuda agro-mineral para as áreas mais afetadas”, informou o coordenador de Defesa Civil da AMAMS, Sérgio Nassau. Com a intensificação da seca, o número de municípios atendidos pela Operação Pipa, atualmente 90, deverá aumentar, completou o coordenador.

José Arcanjo Marques, gerente regional da Emater em Montes Claros, ressaltou o trabalho conjunto com diversas organizações para combater a seca, que segundo ele, “é um problema crônico na região”. Marques apresentou dados preocupantes do Relatório Gerencial — Reconhecimentos Vigentes, realizado pelo Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC), que indicam um déficit hídrico significativo, com apenas 605 mm de chuva registrados de janeiro a agosto de 2024, mais de 150 dias sem precipitação, e 300 córregos secos, “o que tem prejudicado gravemente o abastecimento de água e a produção agropecuária.”

Para ele, um dos dados mais preocupantes é o meteorológico. De janeiro até 31 de agosto, a média foi de 605 milímetros de chuva na região de Salinas, abrangendo municípios como Januária, Montes Claros e São Francisco. “No entanto, enfrentamos mais de 150 dias sem chuva, o que gerou um déficit hídrico alarmante.” Ele considera que os meses de setembro, outubro e até meados de novembro são críticos com a diminuição do suporte alimentar para o rebanho nas pastagens, o secamento de águas superficiais e dificuldades financeiras para os agricultores.

“Além disso, mais de 300 comunidades estão sendo atendidas por caminhões-pipa, especialmente nas áreas mais afastadas das fontes de água. Embora algumas culturas agrícolas e atividades de fruticultura, por estarem próximas a fontes de água, possam ter uma certa segurança, a pecuária está sofrendo bastante. O emagrecimento do rebanho é progressivo, e a produção de leite caiu em até 85% em algumas regiões”, relatou o gerente regional da Emater. 
 
CENÁRIO DESAFIADOR
Flávio Pimenta, professor e engenheiro agrícola e ambiental da UFMG, acredita que essas reuniões são importantes para mostrar a realidade local, mas ressalta que “a situação está muito pior do que imaginamos”, afirmou. “Tenho percorrido o Norte de Minas e estou testemunhando coisas que nunca imaginei ver. A maioria dos rios que antes eram perenes agora são temporários, e aqueles que ainda são perenes estão se tornando esgotos. É uma situação degradante”, lamenta.

Sobre a previsão de chuvas, ele afirma que o cenário é desolador: “A previsão de chuvas é apenas a partir do dia 15 de novembro. Não há expectativa de chuva para setembro e outubro, e no final de novembro a situação pode começar a melhorar. Portanto, estamos em calamidade pública e enfrentaremos mais dois meses problemáticos”, avisa.

Outro ponto discutido foi a renegociação de dívidas dos produtores, que estão enfrentando dificuldades devido à queda no valor da arroba do gado, afetando o pagamento dos empréstimos. Altemires Barbosa de Castro, do Banco do Nordeste, explicou que a instituição está ajustando suas políticas para apoiar pequenos produtores, principalmente com a Resolução 5.120, que introduziu um decreto emergencial. No entanto, ele alertou que o prazo para a execução das medidas foi curto, dificultando sua implementação. Além disso, destacou a importância da energia solar para melhorar a segurança hídrica e a sustentabilidade dos projetos de crédito. “Recomendamos que os produtores antecipem as negociações e os municípios mantenham os decretos de calamidade para facilitar a renegociação”, afirmou.

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