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Segunda-Feira,15 de Setembro

Renda com sabor de mel: apicultores de Buritizeiro aguardam liberação do selo do IMA para iniciar a comercialização do mel em sachês

Jornal O Norte
Publicado em 25/07/2006 às 12:32.Atualizado em 15/11/2021 às 08:40.

Tiago Severino


Correspondente



PIRAPORA - A Aapicate - Associação dos Apicultores de Cachoeira de Teobaldo (Aapicate) - com sede na cidade de Buritizeiro - receberá dentro de 30 dias o selo do Ima (Instituto Mineiro de Agropecuária. O mel, antes vendido em bisnagas, poderá ser remetido ao mercado em sachês. Os produtores querem tornar o município um pólo apícola.



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(foto: divulgação)



Segundo o presidente da Aapicate, Benício Pamplona, o mel tornou-se uma alternativa para os agricultores familiares. O baixo custo inicial do investimento é o principal atrativo da apicultura. Benício, porém, afirma que é necessário o produtor ter conhecimento sobre o manuseio das abelhas, uma vez que acaba por influenciar na agressividade do enxame e na qualidade do produto.



A associação já possui uma máquina para a produção de sachês. O equipamento foi adquirido através da liberação de recurso feito pelo Programa Fome Zero, da Petrobras. A entidade receberá R$ 193 mil, para a compra de maquinário, que fará o beneficiamento e conservação do mel.



PRODUÇÃO



Para orientar os apicultores, o Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) desenvolve na Aapicate o Geor (Gestão Estratégica Orientada a Resultados). O programa tem como objetivo acompanhar o desenvolvimento da produção. A expectativa dos 68 associados é ampliar a quantidade de mel de 18,7 quilos para 28,7 quilos até 2008.



O Geor está presente em 418 municípios, com atuação em 39 projetos de 283 associações. Benício diz que o meio para a associação crescer é através da busca de parceiros. Ele acredita que em função da extensão do município, os recursos hídricos e a quantidade de plantas nectaríferas na região, Buritizeiro tem condições para produzir mel e distribuí-lo nos grandes centros urbanos e, posteriormente, em exportá-lo.



Na microrregião de Pirapora, outro fator ainda é favorável: a proximidade com vários municípios e o acesso rodoviário, o que facilita o escoamento da produção.



EMPREGO E RENDA



No Brasil, a apicultura gera 350 mil empregos diretos. Em 2005, a produção nacional atingiu o patamar de 40 mil toneladas. Um crescimento de 1.000% em 50 anos. No nordeste, o setor foi fortalecido como forma de evitar o êxodo rural. Além do fator social e econômico, a produção de mel não agride o meio ambiente. Ao contrário, exige a preservação da flora nativa e o cuidado com o meio hídrico.



De acordo com o presidente da Federação Mineira de Apicultura, Irone Martins, a orientação aos produtores e a disponibilidade de tecnologia foram os fatores que contribuíram para a ascensão do mercado.



Em Buritizeiro, a renda mensal de um apicultor é de um salário mínimo. Edmar Magalhães da Silva, diretor financeiro da associação, relata casos de membros que conseguiram a quantia de R$ 3 mil, em um único mês. Ele afirma que tudo depende da maneira como as abelhas estão sendo tratadas.



PROJETOS



O próximo passo da associação será a produção de geléia real, que é considerada a fonte da juventude. Ela é produzida pelas abelhas para a alimentação das crias e da rainha. Contém vitaminas e enzimas. Os associados, também, pretendem produzir própolis, utilizado para fins medicinais e tratamentos respiratórios.



FESTA



A aapicate prepara para o dia 26/08, a 1ª Festa do Mel e o 1ª Encontro dos Agricultores Familiares de Buritizeiro. O evento acontecerá na Escola Elisa Teixeira. Haverá palestras e oficinas para os produtores e interessados no assunto.



- O objetivo é difundir o conhecimento da apicultura na região, e o potencial do setor, comenta Benício.



MEL NA MERENDA ESCOLAR



Neste ano, escolas e creches das cidades de Pirapora, Buritizeiro e Ibiaí receberão mel produzido pela Aapicate. Serão distribuídos cerca de 4,5 mil quilos, através do Conab - Companhia Nacional de Abastecimento. A distribuição deverá ser feita em sachês.



Em outros municípios, o mel é item obrigatório na merenda escolar. Ele tem alto valor nutritivo e energético. Age no combate a gripes e resfriados. Além de estimular a atividade cerebral e melhorar a memória.



O município de Espertina, no Piauí, é um exemplo. A câmara daquela cidade aprovou uma lei incluindo o produto no lanche das escolas municipais. Além da satisfação dos alunos, a produção dos apicultores locais chegou a oito toneladas.



No Mato Grosso, a lei estadual de incluir o mel na merenda escolar consumirá toda a produção de mel no estado. Quase 250 toneladas serão absorvidas pelos 320 mil alunos da rede pública, se cada um ficar com apenas um sachê por dia.



Segundo Benício, a aprovação de uma lei como esta em Pirapora e Buritizeiro beneficiaria os alunos, que consumiriam um produto rico em vitaminas e proteínas, e, também, os apicultores, que teriam grande parte da produção remetida às escolas.

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