A restauração do vapor Benjamim Guimarães ficou para 2023. Na véspera da realização de audiência pública na Câmara do Deputados, em Brasília, para discutir o abandono da embarcação histórica, foi firmado um acordo entre a Prefeitura de Pirapora e o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG) para a realização das intervenções necessárias no barco.

No entanto, para este ano, só serão realizados trabalhos de contenção do vapor, para evitar que ele possa ser virado ou levado pelas cheias do rio São Francisco, quando chegar o período chuvoso no Norte de Minas. 

O argumento apresentado pelo Iepha para adiar a recuperação do Benajmim é a de que não há tempo hábil para a restauração antes do período chuvoso.

“Na terça-feira (28) finalmente foi alinhavado um acordo entre as partes envolvidas, com o Iepha-MG deixando claro que, por força dos prazos exigidos para a realização de eventuais licitações, as obras de reforma não poderão ser reiniciadas antes do próximo período chuvoso, que se inicia em outubro, provavelmente”, segundo documento que aponta os termos do acordo.

De acordo com a assessoria da Secretaria de Turismo de Pirapora, o Centro de Autocomposição do Ministério Público do Estado de Minas Gerais (Compor) se reuniu pelo menos cinco vezes, desde o ano passado, com representantes do Iepha, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Emutur e Prefeitura de Pirapora para intermediar acordo a fim de retomar a reforma e restauração do vapor.
 
ESTAQUEAMENTO
Ficou definido que, até 3 de julho, a prefeitura e a Emutur deverão repassar ao Iepha os dados necessários para que o Estado licite e contrate empresa especializada para execução, antes do período chuvoso, dos serviços de estaqueamento do vapor e possível substituição de algumas das fogueiras, colocadas embaixo da embarcação para lhe dar sustentação.

Com os dados em mãos, caberá ao Iepha agilizar o processo de contratação desses serviços até 27 de setembro, para execução dos trabalhos preventivos que vão garantir a segurança do Benjamim Guimarães durante os dias de chuva e eventual cheia do rio São Francisco.

O órgão ainda fez o compromisso com a Prefeitura de Pirapora, por meio da Emutur, de executar o projeto de reforma e restauro da embarcação em três etapas.

A primeira consiste em elaborar e revisar o projeto executivo da reforma, para evitar qualquer erro futuro que comprometa a execução dos trabalhos. Na segunda etapa o órgão deverá licitar e executar o projeto que garanta a flutuabilidade do vapor Benjamim Guimarães, ou seja, executar os serviços de fechamento do casco da embarcação. Na terceira etapa, executar as reformas restantes que venham a garantir a navegabilidade do vapor, com a embarcação retomando as viagens de passeio. Todos os custos desses serviços correrão por conta do Estado, através do Iepha.

A presidente do Iepha, Marília Palhares Machado, declarou, durante audiência pública em Brasília, nesta quarta-feira, que o instituto tem trabalhado no sentido de fazer o que é possível para salvar o vapor. “Não podemos dar continuidade às obras de restauração neste momento sem um projeto que cadastre a nova situação do vapor. Seria um risco a mais, no sentido de que o contexto se alterou em razão das chuvas”, afirmou.

“O empenho do recurso estadual é condição ‘sine qua non’ para as obras de restauração. Nosso compromisso confirmado é em defesa desse patrimônio, que é muito importante para Minas, para Pirapora, para a União e, possivelmente, para o mundo, na medida em que não há mais vapores como o Benjamim Guimarães”, finalizou.

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