Servidores públicos de Minas Gerais realizaram uma greve geral em protesto contra a proposta do governador Romeu Zema (Novo) de aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) do Governo Federal. Eles alegam que a proposta pode prejudicar tanto os trabalhadores quanto a população. O grupo se reuniu na Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais na última terça-feira (7) para discutir os impactos do RRF na educação e na prestação de serviços públicos. O plano de adesão ao RRF inclui restrições orçamentárias, tais como a suspensão de concursos públicos a partir de 2024, duas recomposições salariais de 3% para os servidores públicos em nove anos e a federaliza-ção de estatais.
PERDAS
A diretora dos Sindicatos dos Professores do Estado (Sinpro MG), Nalba Rocha, disse que 30 sindicatos de várias categorias de trabalhadores e quase 3000 servidores estiveram na manifestação. “Éramos juízes, advogados, delegados, professores, pessoal da saúde, pessoal dos correios, da Cemig, da Copasa. Todas as categorias que serão prejudicadas. Juntos, conseguimos impedir o Governo Zema aprovasse o Projeto de lei 1.202/19, por hora, na Comissão de Administração Pública”, conta.
Rocha afirma ainda que a representatividade provou uma pressão que foi sentida pelos deputados. “Dissemos para eles que se eles votarem a favor do governo e contra o povo, para ficarmos nove anos sem reajustes salariais, eles podem ter certeza de que eles não voltarão. Na quarta (8) os que ficaram, continuaram a luta por nós, porque ainda não acabou”, explicou.
Para Renato Ferreira, diretor-coordenador do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (SINDIELETRO) na Regional Norte, a greve foi necessária porque o governador, está jogando a dívida com a União, “que deixou de pagar desde o primeiro ano do seu governo”, nas costas do trabalhador. “Zema quer facilitar a privatização em prol do bem-estar da população. Mas fizeram uma pesquisa e 65% da população mineira é contra a privatização da Cemig e da Copasa”, destaca o sindicalista.
O departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que as duas estatais, juntas, valem quase 41 bilhões de reais. O Estado, com uma participação um pouco superior a 50%, receberia, se as duas fossem vendidas, 21 bilhões de reais, montante que se mostraria insuficiente para quitar a dívida de Minas, que, segundo a Dívida Pública do Estado, está na casa dos 169 bilhões de reais.
A presidente da União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais (UEE), Helen Vitória Farias, disse que os estudantes também apoiam a greve. “Com salário baixo e congelado e sem concursos por nove anos, o que será do nosso futuro?”, questiona.
ESTADO
Em vista de todos os questionamentos, o Governo de Minas alega que mantém um diálogo aberto com os servidores e assegura benefícios e revisões salariais com a adesão ao RRF, destacando um recente reajuste de 10,06% em 2022.