Mesmo diante da crise nas prefeituras, agravada pela falta de repasses durante o governo de Fernando Pimentel (PT), as cidades do Norte de Minas que tradicionalmente realizam o Carnaval pretendem manter a folia. A verba para fazer a festa de Momo virá, em sua maioria, de repasses da cultura, dinheiro carimbado que, se não for usado terá que ser devolvido ao governo federal.
O objetivo dos prefeitos é atrair turistas e movimentar a economia local. Além de Montes Claros, as cidades de Januária, Grão Mogol, Pirapora, Brasília de Minas e Montezuma prometem agitar os foliões no início de março.
A Prefeitura de Januária está com cerca de R$ 232 mil retidos no Estado. Neste valor estão incluídas verbas do Fundeb, IPVA e outros tributos. Com a falta dos repasses, os salários dos servidores da educação não estão quitados e o município deixou de pagar os prestadores de serviço do transporte escolar. Assim como em várias cidades do Norte de Minas, o ano letivo municipal de Januária está previsto para começar apenas em 7 de março.
Apesar de todos esses problemas, o prefeito Marcelo Felix (PSB) decidiu por realizar o Carnaval. Ele explica que o dinheiro destinado à organização da folia é uma “verba carimbada” oriunda de repasse cultural. Ou seja, o recurso deve ser utilizado para fins que incentivam a cultura e turismo locais.
“Infelizmente, não podemos pegar esse dinheiro e pagar os débitos do município. Por outro lado, a festa de Carnaval atrai turistas da região e movimenta o setor hoteleiro e de restaurantes da cidade. Se não usarmos a verba com cunho cultural, ela terá que ser devolvida”, afirma Felix. Então, é melhor fazer a festa que pode render dinheiro para os comerciantes e alegria aos moradores, avalia o gestor.
Mesmo com o Estado devendo R$ 23.632.354,89 para Pirapora, a festa de Carnaval na orla do rio São Francisco está garantida. A prefeitura informou que por meio de estratégias de redução de custos, todos os salários do município estão em dia. Ao todo, oito bandas se apresentarão entre os dias 1 e 7 de março. Todos os shows são gratuitos no Pirafolia 2019. A festa arrasta uma multidão pelas ruas da cidade, seguindo os blocos e as escolas de samba. Em meio ao forte calor, nada como um banho nas águas refrescantes do Velho Chico.
Em Francisco Sá também haverá a folia, animada por 11 bandas. O prefeito Mário Osvaldo (PT) afirmou que para driblar a falta dos R$ 11,5 milhões devidos pelo Estado, começou a cortar custos em janeiro do ano passado. Com isso, não vai deixar a população sem a folia de Momo.
O Carnaval do “Brejo” acontecerá no Parque dos Namorados, entre os dias 2 e 5 de março. A programação conta com blocos, marchinhas de Carnaval e vários shows durante a tarde e à noite. Já a festa de Carnaval que aconteceria no distrito de Catuni foi adiada para a Semana Santa devido ao prazo para organizar a documentação necessária exigida pelo Corpo de Bombeiros para a realização da mesma no rio.
LICITAÇÃO
Em Brasília de Minas, a maneira encontrada pelo prefeito Geélison Ferreira (MDB) para que o Carnaval não passe em branco, mas também não sacrifique as contas públicas, foi abrir um processo de licitação para uma empresa ficar responsável pela folia. O município tem R$ 15 milhões retidos pelo governo do Estado.
“Uma empresa ganhou a licitação para promover o evento. Assim, a prefeitura entra com um valor bem baixo. Serão dois dias gratuitos e três com entrada a R$ 15”, disse Ferreira.
Salinas ficará de fora do circuito das cidades com tradição na festa de Momo no Norte de Minas. O município decretou estado de calamidade financeira, pois enfrenta sérias dificuldades com R$ 23,6 milhões em repasses retidos. A assessoria de comunicação da prefeitura informou que clubes na cidade farão a festa particular.
Em Montes Claros, dezenas de blocos irão levar muita folia para as ruas da cidade. Todos de iniciativa da própria população. A prefeitura não fará o Carnaval, apenas oferecerá apoio logístico para os organizadores dos blocos, como banheiros químicos, segurança e a limpeza no dia seguinte à festa.