Tiago Severino
Correspondente
Na entrevista coletiva realizada no último dia 02, o prefeito de Pirapora, Warmillon Fonseca Braga (PFL) confirmou a participação de Pirapora no desfile da Escola de samba Estação Primeira de Mangueira, no carnaval do Rio de Janeiro. Será construída uma replica do vapor Benjamin Guimarães, única embarcação movida à lenha que mantém as características originais.
O tema escolhido pela Mangueira foi o Rio São Francisco. O samba-enredo de autoria de Oswaldo Martins e do carnavalesco Max Lopes - Das Águas do Velho Chico Nasce um Rio de Esperança mostra a importância comercial do rio para a região, conta o descobrimento dele por Américo Vespúcio e ainda faz referências ao projeto de transposição.
O vapor Benjamim Guimarães ainda depende de uma
nova caldeira para navegar de novo no Velho Chico (Foto: divulgação)
O samba-enredo ainda fala dos mitos e lendas que permeiam o Velho Chico: Pelo sim ou pelo não, Deus me livre nessa rota de encontrar o Minhocão. Surubim-rei, Serpente-d’água, ele tem cara de dragão. Se abraça a minha proa vai virar a embarcação. Do Nego-d’Água ninguém acha graça. Se é duende, ninguém entende. Pra não complicar é melhor logo lhe dar fumo de rolo em um bom gole de cachaça. Prefiro Mãe d’Água, muito mais maneira, vaidosa como toda Iara barranqueira.
RECURSOS
Segundo o prefeito Warmillon, foram viabilizados R$ 200 mil com o ministério do Turismo. O dinheiro repassado à escola servirá para a construção da alegoria. O tamanho do carro, o número de componentes e a posição em que ele estará no desfile ainda são mantidos em segredo pela escola.
De acordo com o secretário municipal de Turismo, Anselmo Rocha, a apresentação do vapor no carnaval carioca servirá para divulgar as belezas do rio São Francisco e, principalmente, de Pirapora. Ele diz acreditar que isto trará um aumento do número de turistas para a cidade.
TROCA DA CALDEIRA
Apesar de reformado e re-inaugurado em 2004, o vapor está ancorado no porto da Franave (Companhia de navegação do São Francisco) à espera de melhorias. A caldeira da embarcação deveria ter sido trocada por uma nova, no entanto, ela foi revestida por uma chapa de zinco. Apenas nesta peça, foram gastos R$ 60 mil.
Os passeios que eram feitos até o distrito de Barra do Guacuí foram interrompidos. A viagem tinha duração de aproximadamente quatro horas. Warmillon anunciou durante a entrevista que o Banco do Nordeste fará a doação de uma nova caldeira, no valor de R$ 94 mil. O banco atendeu a um pedido feito pelo prefeito durante a visita do presidente da instituição, Roberto Smith, que veio à cidade para empossar o novo gerente da agência local.
A expectativa da prefeitura é colocar a nova caldeira até o mês de março, o que dará condições de navegabilidade para o Benjamin Guimarães. A secretaria municipal de Turismo espera que o retorno da embarcação, com a nova caldeira e a exposição na mídia nacional, através do carnaval carioca, aumente o nível turístico da cidade e região.
QUASE CENTENÁRIO
O Benjamin foi construído em 1913, nos Estados Unidos, por James Rees & Company. Após ter sido utilizado em navegação no rio Mississipi, foi adquirido pela Amazon River Plate Company, navegando por algum tempo nos rios da bacia Amazônica.
Na década de 1920, a firma Júlio Mourão Guimarães estabelecida em Pirapora adquiriu a embarcação, que foi montada no porto local.
Após o transporte até à cidade passou a ter o nome de Benjamin Guimarães - em homenagem ao pai do proprietário da firma. Tombado pelo Instituto estadual do Patrimônio Histórico e Artístico, em 1º de agosto de 1985, em 1997 o vapor foi doado para a prefeitura de Pirapora, quando foi restaurado.
LEIA TAMBÉM