
Com os postos de saúde fechados desde o feriado da última quarta-feira e a previsão de reabertura das unidades somente na próxima segunda, o montes-clarense tem se virado como pode para ter acesso aos serviços de saúde, vez que não dá para “adiar” os efeitos das doenças que chegam sem aviso.
Em meio a um possível surto de virose que tem acometido especialmente crianças, o prefeito Humberto Souto determinou fechamento das repartições pública por três dias consecutivos, antecipando o dia do funcionalismo público. Sem atendimento no posto do bairro Nossa Senhora de Fátima, só hoje a manicure Thaisa Corrêa conseguiu atendimento para o filho.
“Está com tosse, o peito cheio e o corpo empolado. Desde as 9 horas estou aqui e só agora fui atendida. A médica suspeitou de Covid e pediu pra que eu fosse ao posto de saúde porque aqui não faz o teste”, se desespera a mãe. “Infelizmente, vou ter que esperar até segunda, porque o posto está fechado e eu não tenho recurso para custear o teste”, declarou a mãe, que só conseguiu consulta com pediatra por volta do meio-dia.
A atendente de telemarketing Karen Vitória procurou a UPA nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira e até às 13h ainda não havia conseguido saber o diagnóstico dos dois filhos, de 6 meses e 6 anos, ambos com febre acima de 38 graus. “Fui lá dentro, a médica olhou pra mim e disse que já havia me atendido. Eu sequer recebi uma indicação do que deveria fazer. Meus dois filhos com febre, o posto de saúde fechado e a gente nem recebe informação correta. É uma desorganização e falta de humanidade”, reclamou.
Jeniffer Ribeiro relata que chegou à UPA com o filho mais ou menos às 10h da manhã. Próximo das 13h, ainda aguardava, com o filho no colo. “Amanheceu com febre alta e sem força nas pernas. É uma criança agitada e hoje tentou levantar e não conseguiu. O corpo dele está ficando com manchas vermelhas. Apenas mandaram esperar. Não volto para casa sem atendimento”, garante a mãe.
MEDIDA POLÍTICA
J. A. F. procurou a UPA nesta manhã depois de passar a noite com quadro de vômito e diarréia. Na fila para ser atendida, reclama da “falta de respeito” com a saúde da população. “Soube que o feriado foi antecipado pra que os servidores não viagem na data próxima a eleição (30 de outubro) e votem no candidato que o prefeito escolheu”, afirma.
“No primeiro turno o prefeito pediu às diretoras para fazerem reuniões conosco e indicar em qual candidato deveríamos votar. O candidato dele não foi eleito. Agora coloca três dias de feriado para fazer a mesma coisa e prejudica até o andamento da saúde. Isso não é admissível”, disse um profissional do setor educacional que pediu para não ser identificado.
OUTROS LOCAIS
No Hospital Universitário Clemente de Faria o atendimento pediátrico está normal e ontem havia profissionais da pediatria atendendo 24 horas.
O Hospital das Clínicas Mario Ribeiro informou que no momento tem cinco equipes com pediatra: UTI Neonatal, UTI pediátrica, maternidade, sala de parto e enfermaria. Nesses setores a escala de profissionais está completa, sem vacância, especialmente na UTI.
“O Hospital tem passado credibilidade para a equipe e toda a estrutura adequada que a gente solicita para conforto e segurança do paciente e da equipe, temos conquistado. Isso facilita o fechamento das escalas”, disse Cindy Melo, coordenadora da pediatria no HC.
“Chegam muitas crianças no pronto atendimento e há demanda gigantesca, principalmente quando não tem pediatra nos outros hospitais, em especial noturno e finais de semana. Damos suporte à cidade e ao Norte de Minas com 12 leitos de UTI pediátrica, sendo 10 SUS e 2 convênios e o mesmo na UTI Neonatal. Ou seja, 24 leitos e mais enfermaria com 17 leitos, entre clínicos e cirúrgicos” , afirmou.
SEM RESPOSTA
Procurada pela reportagem, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura não retornou contato até o fechamento da edição. Os secretários das pastas citadas também não foram localizados para comentar as declarações.