Índice de desenvolvimento
humano de São João das Missões
é pior do que o do Iraque
Manoel Freitas
Repórter
onorte@onorte.net
Nos próximos dias 10 e 11, a tribo Xakriabá, a maior etnia de Minas Gerais, promove, com o apoio do CIMI - Conselho indigenista missionário, romaria para marcar os 20 anos da chacina que ganhou repercussão internacional. O atual prefeito, José Nunes, é filho de Rosalino Gomes de Oliveira, vice-cacique que, no dia 11 de fevereiro de 1987, foi brutalmente assassinado por pistoleiros.
Moradias de adobe e curral de varas: a pobreza atinge em cheio a maior nação indígena de Minas Gerais (foto: Manoel Freitas)
Hoje, a tribo ocupa mais de 70% do território de São João das Missões e o prefeito e seu irmão Domingos Nunes, cacique-geral, tem outro inimigo: a pobreza. O município tem uma receita mensal de R$ 300 mil, oriunda basicamente do FPM – Fundo de participação dos municípios. Já as 27 aldeias da tribo são compostas, em sua grande maioria, por famílias que sobrevivem com renda mensal de R$ 95, relativa a bônus de programas sociais do governo federal.
Dados recentes, por sinal, concederam um título nada favorável: São João das Missões tem o pior PIB - Produto interno bruto de Minas. Os números indicam, de modo claro, que quase nada é produzido e a receita do município, que tem quase 13 mil pessoas, está relacionada a benefícios e aposentadorias.
Segundo o IBGE, a primeira cidade de Minas Gerais a ser administrada por um índio tem o IDH - Índice de desenvolvimento humano (estudo que mede a qualidade de vida da população, baseado em indicadores de saúde, educação e renda) – pior que o mais miserável país da América ou de países que vivem em guerra. O município tem um IDH de 0,36%, contra 0,46% do Haiti, ou 0,50% do Iraque.