Pesquisas não definem a causa da morte de peixes

Jornal O Norte
Publicado em 01/12/2006 às 10:43.Atualizado em 15/11/2021 às 08:45.

Tiago Severino


Correspondente



PIRAPORA - A morte dos peixes no Rio São Francisco, ainda, não tem causa definida. Para apresentar as últimas pesquisas do assunto, diversas entidades públicas e privadas estiveram reunidas em Três Marias no 2o Fórum de Cooperação Institucional. Segundo o Secretário de Meio Ambiente do Município, Roberto Carlos Rodrigues, o encontro é uma ação da rede formada em outubro de 2005, para disseminar as informações relativas à mortandade.



O fenômeno das mortes vem acontecendo desde setembro de 2004. Em janeiro de 2005, dezenas de peixes desceram mortos no São Francisco. A primeira medida para solucionar o problema foi tomada pelo SAAE-Pirapora (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) - empresa responsável pelo abastecimento de água de Pirapora - que enviou amostras para serem analisadas no Cetec (Fundação Centro Tecnológica de Minas Gerais) e denunciou o fato aos órgãos ambientais.



A partir daí, encontros foram feitos em Pirapora e Três Marias com o objetivo de identificar a causa. De acordo com o técnico-químico do SAAE-Pirapora, Emerson Maurício, é necessário levantar e estudar todas as hipóteses possíveis que poderiam ocasionar a mortandade. As prováveis são agrotóxico, contaminação metalúrgica, estresses ambiental e falta de oxigênio. Esta última já foi descartada pelos pesquisadores.



Nas apresentações feitas no evento ocorreram divergências entre os estudos. O professor Antônio Mozzeto identificou que na região próxima a barragem de rejeitos da Votorantim Metais o nível de zinco está 22 vezes maior do que o permitido pela norma do Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente) número 357/2005. Já a pesquisa feita pelo Instituto Internacional de Ecologia mostra que o metal presente na água não consegue se dissolver e contaminar o ambiente aquático.



A Votorantim é apontada como a principal responsável pela mortandade, devido ao passivo ambiental existente pelo período de funcionamento em que não havia legislação para regular a relação com o meio ambiente. Segundo a Assessoria de Comunicação da empresa, serão investidos R$ 160 milhões na construção de uma nova barragem e no controle de contaminação. No estudo solicitado por ela, foi apresentado que a existência de sedimento no fundo do rio não traz risco para a saúde humana.



“Hoje, a contaminação está matando só peixe. O maior problema será daqui a cinco ou dez anos quando as famílias que vivem à beira do velho chico estiverem morrendo”, criticou o presidente da Fepesca (Federação de Pescal Artesanal), Raimundo Ferreira. Ele diz que houve redução de 60% na atividade pesqueira, da região entre Três Marias e Pirapora.



O evento terminou ontem com a avaliação da rede de cooperação e os resultados obtidos. Para Joachim Carolsfeld (Yogi), presidente da organização não-governamental WFT (World Fisheries Trust), a disucussão de idéias é essencial para difundir para toda a sociedade aquilo que está sendo feito para a preservação do Rio São Francisco e afluentes. A WFT atua entre Três Marias e Ibiaí com o projeto Peixes, Pessoas e Água. Eles desenvolvem trabalhos de educação ambiental com comunidades ribeirinhas.

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