Tiago Severino
Correspondente
PIRAPORA - Após a decisão das colônias de pesca da região de Pirapora de exigirem na justiça uma indenização da Votorantim metais, os pescadores pretendem organizar uma manifestação na próxima semana, na sede da empresa em Três Marias. A idéia inicial é realizar na segunda-feira, 05, data em que se comemora o dia mundial do meio ambiente.
Uma comissão formada por dez pescadores das cidades de Pirapora, Buritizeiro e o distrito de Barra do Guaicuí foi incumbida de mobilizar os municípios atingidos pela mortandade dos peixes, que vem ocorrendo desde 2004. Estima-se que cerca de 30 toneladas de mandi, dourado, matrichã, pirá, pacu, curimbatá, pacumã e corvina morreram por causa do despejo de zinco, cobre e cádmio no rio. Os dados são do relatório da Feam - Federação estadual do meio ambiente.
- Desde que começou a ocorrer a morte de peixes no Rio São Francisco, a pesca não foi a mesma e as famílias dos pescadores passaram a viver em dificuldades. Agora, somos obrigados a viver à base de bicos - diz o presidente da Colônia de pesca de Pirapora, Pedro Melo.
Alexandre Gonçalves, representante da CPT - Comissão pastoral da terra afirma que toda a sociedade deve-se mobilizar contra o grupo Votorantim, como forma de encurralar a empresa e forçá-la a tomar uma medida sobre a mortandade de peixes.
Segundo informações da Colônia de Pirapora, antes da mortandade os pescadores ganhavam dois salários com o trabalho diário de cinco horas. Hoje, mesmo com uma atividade de oito a dez horas, a renda não chega a um salário.
De acordo com o presidente da Colônia de pesca de Buritizeiro, Geraldo Reis, a integração entre os movimentos sindicais e os pescadores, que ocorreu na reunião no dia 20, reforça a luta contra a Votorantim.
O presidente do Mesfa - Movimento ambiental São Francisco de Assis, Sidney Moreno, afirma que desde 1992 alerta as autoridades da região sobre a morte misteriosa de peixes. Ele diz que é necessário cessar a poluição imediatamente para garantir a existência dos peixes no rio.