Pescadores de Ibiaí fazem beneficiamento de peixe e ampliam vendas

Jornal O Norte
Publicado em 04/04/2007 às 08:51.Atualizado em 15/11/2021 às 08:01.

Pescadores ampliam venda


do pescado em torno de 20%


em todo o Norte de Minas



Tiago Severino


Correspondente



PIRAPORA - Para aqueles que gostam de comer peixe, as espinhas são um incômodo na hora de saborear o produto. Não adianta variar no cardápio, inventar pratos e porções, se o prazer em apreciar o pescado é substituído pelo dever de retirar os ossos presos na carne. Os pescadores de Ibiaí resolveram este problema. Com o apoio do Projeto Peixes, Pessoas e Águas (PPA) desenvolvido pela ong canadense (World Fisheries Trust), eles estão fazendo o beneficiamento das principais espécies do rio São Francisco.






(fotos: Wilson Medeiros)



As espinhas são retiradas e o peixe embalado. Com isso, os membros do projeto acreditam no aumento de 20% das vendas. O presidente da colônia Z-20, Josimar Barbosa Durães, diz que uma das conquistas obtidas é a valorização do pescado na região. Segundo ele, os profissionais da pesca agora recebem duas vezes mais, do que os valores que eram pagos pelos atravessadores. A desossa ajudou, por exemplo, a elevar a venda de espécies como a curimatã, cuja carne é muito apreciada, mas a quantidade de espinhas atrapalha a degustação.



A venda de peixes beneficiados foi inaugurada no domingo, 1º. Foram apresentados vários pratos típicos da região. Entre aqueles com o maior nível de aceitação pelo público, está o peixe com abóbora. A facilidade no preparo é uma das vantagens em relação à carne de boi e de porco. Sem contar, o baixo teor de gordura.



RICOS EM PROTEÍNA



O alimento é importante pela riqueza nutricional. Os peixes são ricos em proteínas - elemento com capacidade para fortalecer o sistema imunológico do corpo - possuem alto nível de ômega-3 – que diminui os riscos de doenças cardiovasculares e acidente vascular cerebral (derrame) e reduz a pressão arterial. Além de conter as vitaminas A, D e E, e os minerais potássio, cálcio, ferro, fósforo e flúor. A OMS (Organização Mundial da Saúde) define que cada pessoa deve consumir 12 quilos de peixe por ano. O brasileiro consome, em média, cinco quilos menos.



Os membros do projeto em Ibiaí esperam ampliar o consumo de peixe na região. As cidades de Pirapora e Montes Claros são apontadas como os principais pólos de venda. O foco inicial são os restaurantes, hotéis e pousadas.



A coordenadora do PPA no Brasil, Alison Macnaughton, diz que agregar valor ao pescado é uma maneira para fortalecer a economia local, o que proporciona aos pescadores meios para a auto-sustentabilidade. O projeto de beneficiamento de Ibiaí tem o nome de Corvina – espécie de peixe do São Francisco de corpo alongado e comprido, de tonalidade prateada a marrom, dorso mais escuro e ventre esbranquiçado. Além da desossa, há venda de peixes salgados e defumados. Alison comenta que a execução de empreendimentos pode acontecer com recursos internos, basta que haja a articulação de um grupo coeso para desenvolver as atividades.



Para que o beneficiamento de peixes acontecesse em Ibiaí, duas participantes do Corvina foram a Três Marias participar de um curso para o preparo do pescado. Maria Neuza Araújo ficou como responsável por retransmitir ao grupo aquilo que foi ensinado. Agora, sete mulheres preparam os peixes, que são comprados na cidade ou retirados do São Francisco, por meio das pescarias comunitárias.



APROXIMAÇÃO



Outro resultado positivo obtido pelo PPA foi a criação do GT-Pesca. Trata-se de um grupo para discutir assuntos relacionados à atividade pesqueira e o meio ambiente. Segundo Alison, desta forma está sendo alcançada uma das metas do projeto que é a aproximação entre o poder público, criador e executor das leis ambientais, com a população, em especial os pescadores.



José Vieira de Souza, conhecido como Zé de Nós, destaca que o apoio canadense foi essencial para criar uma maior consciência social nos pescadores e suas famílias. “Agora, temos condições de ir até a mesa de negociação com os órgãos fiscalizadores, sem grandes dificuldades”, afirma. Zé é o atual presidente do GT-Pesca.



O PPA deve ser concluído nos próximos meses. Mas, as atividades já iniciadas não irão terminar. Os pescadores e outros participantes locais serão os responsáveis por dar continuidade aos trabalhos. Na região, a WFT atua nos municípios e distritos localizados na margem do São Francisco, entre Três Marias e Ibiaí.

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