O verão se despede nesta quinta-feira (20) para dar lugar ao outono, que começa às 6h01, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), e segue até 20 de junho. A estação marca a transição do clima no Brasil, com a redução gradual das chuvas e da umidade, tornando-se mais seca a partir de maio. Conforme a previsão do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, as temperaturas em Montes Claros entre a próxima quinta-feira e segunda-feira (24) deverão oscilar entre 20?°C e 35?°C. Quanto à umidade do ar, espera-se que fique na faixa de 28% a 43% durante esses dias.
O “veranico”, caracterizado pela ausência de chuvas durante o verão de 2024–2025, trouxe consequências graves para o agronegócio, a indústria e o meio ambiente. Flávio Pimenta de Figueiredo, engenheiro agrícola com doutorado em Engenharia Agrícola, e professor no Instituto de Ciências Agrárias da UFMG em Montes Claros, aponta que, mesmo no período esperado para as chuvas, os rios continuam vazios e secos. “A expectativa é que tenhamos uma, duas, três semanas de chuva justamente para tentar equilibrar esse balanço de chuva na região. O outono e o inverno são estações que aqui no Norte de Minas não têm chuva, então a tendência é que nós também tenhamos duas ou três semanas de chuva, final de março, início de abril, é entrando outono e cessando as chuvas”, comenta Figueiredo.
Flávio destaca que, apesar das expectativas de que o fenômeno La Niña trouxesse chuvas, o que não se concretizou, o período será um desafio para os produtores rurais do norte de Minas Gerais, exigindo grande resiliência deles. “Nas normais climatológicas, nós estamos observando um dos maiores veranicos aqui na região. Então, os desafios serão grandes. O agricultor que não preparou para a irrigação, para preparar o solo, para as sementes, que ele consiga se organizar para que na próxima estação ele esteja preparado, com o sistema de irrigação montado, com a área preparada e assim por diante”, finaliza.
“A chegada do outono traz algumas mudanças climáticas importantes devido à transição entre o período chuvoso e o seco, como a diminuição das precipitações. As temperaturas ficam mais amenas à noite, mas durante o dia o calor pode ser intenso. Além disso, há redução da umidade relativa do ar e pode ocorrer um aumento da velocidade dos ventos” completa Inêz Pereira da Silva, engenheira agrônoma e responsável técnica da unidade de referência tecnológica do Sindicato Rural de Montes Claros.
Inêz comenta que a falta de chuvas e o clima seco com ventos quentes elevam a evaporação, prejudicando a umidade do solo e o desenvolvimento das plantas. Culturas delicadas, como hortaliças folhosas, exigem irrigação mais eficiente devido ao calor e à baixa umidade, enquanto as pastagens sofrem, afetando a alimentação do gado. “A fruticultura irrigada pode ser menos afetada, pois o clima seco reduz doenças fúngicas, beneficiando a qualidade dos frutos. Diante disso, é necessário se adaptar e buscar alternativas para diminuir os impactos na produção. Uma das estratégias é o uso de sistemas de irrigação eficientes, como a irrigação por gotejamento, que reduz o consumo de água e garante a produtividade das lavouras” aconselha.
“O planejamento da produção também é essencial. É importante escolher culturas adequadas ao clima da região e ao período do ano, além de diversificar a produção para reduzir riscos e garantir estabilidade na produtividade” completa a técnica do Sindicato Rural.