Todos os dias, crianças,
adolescentes e adultos
se revezam nesse novo emprego
Paulo Brandão
Correspondente
A triste realidade se repete todos os dias. Pais de família, sem nenhuma perspectiva de vida em relação ao emprego e crianças que deixam a escola e a sua infância para trás no intuito de levar um pouco mais de renda à família. Nem parece que a BR 135 foi recuperada recentemente pelo governo federal. Pelo menos é o que se vê no trecho, logo depois de Engenheiro Navarro, sentido Engenheiro Dolabela. Todos os dias, das 6 da manhã às 6 da tarde, dezenas de crianças, adolescentes e adultos se revezam no emprego temporário, que talvez seja um dos mais arriscados, o de tapa buracos.
Eles se espalham em um trecho de aproximadamente um quilômetro, jogando terra em centenas de buracos. Muitos, ao perceberem a presença da reportagem do Jornal das Cidades correram para dentro do mato, suspeitando de algum funcionário do governo. Outros, mais desinibidos, continuam a realizar o trabalho.
Em uma breve conversa, dois adolescentes relataram suas rotinas. D.A, de 14 anos, se arrisca coma sua pá buscando terra no acostamento para tapar os buracos. Os carros e caminhões passam a poucos centímetros do adolescente, que se diz acostumado com o perigo. “Consigo apurar R$ 10 por dia, isso vai ajudar sustentar a minha família”, conta. Outro menor é R.B, 15 anos, ele utiliza uma enxada para retirar a terra. Todos os dias, ele e D.A se deslocam de bicicleta do distrito de Nova Dolabela para trabalharem temporariamente no trecho esburacado da BR 135. “Tenho que trabalhar desta maneira, pois onde moro não existe emprego e preciso ajudar os meus pais”.
Um senhor de 45 anos preferiu se identificar como José. Ele é pai de família e está desempregado há um bom tempo. Sua rotina é de 12 horas, quando saiu de sua casa também em Nova Dolabela. Até a marmita ele leva para a estrada, para não perder tempo, pois, segundo ele, ninguém sabe o horário de maior oferta na BR. “Ganho de R$ 10 a R$ 12 por dia, esse dinheiro ajuda a sustentar a minha família. Quem mais contribui com a gente são os carros de passeios que jogam as moedas.