Há mais de três décadas, a iniciativa do ‘Papai Noel dos Correios’ tem sido um elo entre a generosidade e a urgência da assistência. Na campanha, crianças escrevem cartinhas que podem ser adotadas para terem seus pedidos realizados. Em 2023, a ação tem como slogan ‘Todo mundo pode ser Noel’.
Segundo Rita Guedes, gerente regional dos Correios na área de atendimentos e vendas, a campanha teve início em Montes Claros no final de outubro, e os Correios receberão os presentes em suas agências até o dia 22 de dezembro — “Nós selecionamos algumas cartas dos Cemei’s mais carentes e da APAE, de crianças até o quinto ano e de pessoas especiais sem limite de idade”.
As cartinhas estão disponíveis em todas as agências dos Correios de Montes Claros e nas principais cidades das regiões Norte e Noroeste de Minas, além do Vale do Jequitinhonha — “Mas temos também as cartas híbridas, caso algum padrinho queira adotar sem sair de casa, pelo blog dos correios, basta entrar e escolher a sua”, avisa a gerente.
A empresária montes-clarense, Rejane Aparecida Gonçalves Pereira, conta que apadrinha as cartinhas das crianças há muitos anos. “Pego as cartinhas desde quando minha filha era criança, desde quando ela tinha nove, dez anos. Hoje ela vai fazer 23 anos e como o aniversário dela é no Natal, comecei a pegar essas cartinhas pra poder mostrar pra ela o verdadeiro sentido do Natal, praticar a caridade. Então, dali pra frente a gente pega todos os anos, umas cinco ou seis”.
Ela diz que pretende continuar pegando as cartinhas, pois acredita que se uma pessoa tem condições de ajudar e proporcionar a realização de um sonho com um simples brinquedo, não há motivo para parar. “Se a gente tem condição de ajudar e poder fazer isso, é muito importante, porque tem crianças que pedem material escolar, outros pedem algum utensílio doméstico, alimentos. E pegando a cartinha e proporcionando o sonho, a gente desperta na criança que ela pode ter esperança de conquistar e de ter as coisas. Nem tudo está perdido, né? Porque eu acredito que essas crianças que são agraciadas hoje com o presente, com certeza no futuro, quando elas forem adultas, elas vão querer agraciar. Agraciar outras crianças também, da mesma forma que elas foram agraciadas”, diz confiante.
MOMENTO MÁGICO
Rejane conta que nunca teve contato direto com as crianças, mas ficou sabendo pelo entregador um ocorrido que a deixou emocionada. “A história que mais me emocionou, foi de uma menina de nove anos que pediu um colchão para a mãe, para dar de presente para ela, porque a menina tinha mais quatro irmãos e todos dormiam na mesma cama e a mãe dormia no chão. Então, eu comprei o colchão e comprei também brinquedos para dar para ela e as outras crianças. O rapaz que levou me contou que a emoção foi o momento da entrega, quando ele colocou o colchão lá no quarto, a mãe deitou na cama, as crianças nem ligaram para os brinquedos, nem abriram os brinquedos, a primeira reação deles foi pular em cima da mãe e deitar todo mundo no colchão. Isso não tem preço”, diz emocionada.