Investigação integra a 3ª fase da operação “Game Over”, intitulada “Donos do Jogo”
Operação iniciada em 2018 em Brasília de Minas focava identificação de pontos e cambistas do jogo do bicho (PCMG/DIVULGAÇÃO)
Nesta quarta-feira (30), a Polícia Civil de Minas Gerais deflagrou a terceira fase da “Operação Game Over”, intitulada “Donos do Jogo”, visando aprofundar as investigações sobre o esquema de lavagem de dinheiro proveniente do jogo do bicho. A ação incluiu o cumprimento de um mandado de busca e apreensão em uma lotérica de Montes Claros, suspeita de ser utilizada para ocultar os lucros obtidos por meio dessa prática ilegal.
Segundo o delegado Flávio Cavalcante, de Brasília de Minas, a operação começou em 2018 com o objetivo inicial de identificar pontos de jogos e cambistas. No entanto, as investigações evoluíram, revelando um esquema mais complexo que envolve empresas de fachada utilizadas para mascarar a origem dos recursos. “Essas empresas, incluindo uma lotérica, estariam sendo usadas para dar aparência de licitude ao dinheiro obtido com a contravenção”. Entre os bens adquiridos com o dinheiro ilícito, há veículos de luxo e propriedades de alto valor.
A operação cumpriu doze mandados de busca e apreensão. “Seis em Montes Claros, dois em Brasília de Minas, três em Corinto e um em Belo Horizonte. Além disso, a Justiça determinou a indisponibilidade de bens móveis e imóveis dos investigados, somando cerca de R$ 4,5 milhões em imóveis e aproximadamente R$ 1 milhão em veículos de luxo”, explicou o delegado.
Durante a ação, foram apreendidas máquinas de apostas, celulares, documentos de contabilidade, dispositivos eletrônicos e cerca de R$ 60 mil em dinheiro vivo, indicando movimentações financeiras suspeitas. A Polícia Civil acredita que o jogo do bicho, embora seja uma contravenção penal de menor gravidade, esteja sendo utilizado para lavar recursos obtidos em crimes mais graves, como tráfico de drogas e corrupção de agentes públicos. “Essa prática também afeta diretamente o comércio legal, pois empresas de fachada associadas à contravenção conseguem vender produtos a preços inferiores, prejudicando a competitividade de negócios legítimos”, explicou Cavalcante.
Apesar das evidências, a Justiça optou por não decretar prisões nesta fase, embora essa possibilidade não esteja descartada conforme o avanço das investigações. O delegado ressaltou que os envolvidos, em sua maioria, se apresentam como empresários ou funcionários públicos, mas suas movimentações financeiras indicam a contravenção como principal fonte de renda.
As investigações devem prosseguir com a análise dos materiais apreendidos. Caso a Justiça considere necessário, prisões poderão ser decretadas para os envolvidos. Até o momento, a Polícia Civil mantém em sigilo os nomes dos suspeitos, aguardando o desenrolar das apurações para confirmar os vínculos entre os investigados e o esquema de lavagem de dinheiro.