Da Agência Minas
As experiências bem sucedidas em irrigação do projeto Jaíba e Gorutuba, no Norte de Minas, podem contribuir para a implantação de programas similares no Vale do Jequitinhonha. Uma comissão formada por representantes dos governos federal e estadual, além dos bispos e membros de comissões das dioceses de Almenara, Araçuaí, Diamantina e Montes Claros, visitaram, entre os dias 20 e 23 de março, o perímetro irrigado de Jaíba, a barragem do Bico da Pedra e o Projeto Gorutuba, em Janaúba, para conhecer de perto as ações implementadas e discutir a construção de um projeto de irrigação para o Vale do Jequitinhonha.
Para a execução desse trabalho, foi realizado levantamento técnico sobre as características do Vale do Jequitinhonha e a potencialidade da região para receber o projeto, que busca promover o desenvolvimento socioeconômico e ambiental das bacias dos rios Jequitinhonha e Pardo, com a irrigação de cerca de 10 mil hectares, que irá beneficiar cerca de 1500 famílias de 59 municípios da região. O próximo passo foi a visita aos projetos de irrigação já existentes para conhecer as experiências exitosas e identificar os gargalos e erros que podem ser evitados.
PROJETOS IMPRESSIONAM
Em visita ao projeto Gorutuba, com área total de cerca de 11 mil hectares e 127,5 quilômetros de canal, a equipe conheceu a fazenda experimental da Epamig, parceira dos produtores na execução de análises do solo e vegetação e na realização de experimentos no cultivo de vegetais na entressafra; a estação de piscicultura do Projeto Gorutuba, sob administração da Codevasf; a barragem do rio Gorutuba, e as Colonizações I, II e III, em Nova Porteirinha.
Segundo o bispo de Araçuaí, dom Severino, conhecer a realidade dos colonos, pequenos produtores que venceram no projeto, é o ponto de partida para pensar nas formas de agir junto às comunidades. “Garantir a preservação da cultura do povo, do amor à terra e da aptidão para a agricultura familiar é fundamental na execução de um projeto como esse”, disse.
Quem conhece o Norte de Minas sabe que o Projeto Jaíba é um dos empreendimentos que mais tem captado novos investimentos públicos federais e estaduais e privados, que tem gerado cerca de 24 mil empregos e conta atualmente com 66 mil hectares irrigáveis. Além de conhecer de perto os canais e estações de irrigação, a equipe visitou diversos segmentos das atividades desenvolvidas pelas comunidades locais e associações constituídas para a organização dos produtores e escoamento da produção.
Para o gerente-executivo do Projeto Jaíba, Luiz Afonso Vaz de Oliveira, pela sua grandeza e reflexo na economia da região, o Jaíba não pode ser considerado como um mero projeto de irrigação e, sim, como um complexo empreendimento, que tem por objetivo mobilizar ações dos governos, da iniciativa privada e das comunidades. “O projeto é um pólo dinâmico de desenvolvimento, com o eixo econômico focado na irrigação, que criou uma economia competitiva, assentada basicamente na produção de frutas e hortaliças para atender os mercados internos e para exportação”, conclui.
PARCERIA NA GESTÃO
Segundo a secretária de Estado para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri, São Mateus e do Norte de Minas, Elbe Brandão, a intenção desse projeto é mudar a vida da população local. Segundo ela, muitos trabalhos já foram desenvolvidos na região com esse objetivo, mas ainda há muito que se fazer, pois tanto o projeto Jaíba quanto o Gorutuba ainda não exploraram toda a sua capacidade de produção. “É preciso abrir um canal de interlocução com as comunidades e o poder público na busca de soluções e, neste ponto, a parceria com as tradições religiosas está sendo um diferencial e uma atitude pioneira e na constituição de uma rede de governança social para o projeto”, conclui.