Ana Alaíde
Colaboração para O Norte
JANUÁRIA - Entre os dias 25 a 27 de abril foi realizado no auditório da Unimontes, campus Januária, o segundo seminário de história regional, promovido pelo curso de história da Faculdade Ceiva. A temática proposta nesse evento foi: A Cultura popular em debate: Identidade, preservação e práticas, que contou com a participação efetiva da comunidade januarense.
Na primeira noite, o seminário teve a presença dos professores João Damascena (E.E. Pio XII), Rodrigo Francisco (Ceiva) e Iara Toscano (Ceiva).
João Damascena abordou e enfatizou a religiosidade presente nas festas populares dos reis temerosos, bem como suas origens e apropriações pela comunidade local. Logo após o professor Rodrigo abordou a tradição, identidade e hegemonia do carnaval de Januária. Ele apontou as mudanças culturais que o carnaval sofreu ao longo dos últimos cinqüenta anos do século XX. Mudanças essas que perpassaram pelas vestimentas usadas pelos foliões, ás marchinhas de carnaval e a organização do espaço público destinado á receber os carnavalescos.
A professora Iara contextualizou a formação histórica e geográfica do sertão norte mineiro, apontou elementos da religiosidade presentes nas manifestações culturais dos barranqueiros como a folia de reis, a congada, a festa de São Gonçalo, entres outras. Destacou a origem cristã dessa festividade e apontou as diferentes apropriações e significados que os festejos religiosos adquiriram pela comunidade. A seguir foram apresentadas as comunicações, dos alunos do curso de história, resultantes de um ano de pesquisa.
MINISTÉRIO PÚBLICO
Na segunda noite, o evento contou com a participação do promotor do ministério público, Hugo Barros de Lima e da acadêmica Ana Alaíde do Amaral, na qual a questão do patrimônio histórico e cultural de Januária foi debatida. As colocações feitas pelo promotor enfatizaram a necessidade de preservar os bens patrimoniais da cidade como forma de manter viva a memória e identidade da sociedade local.
Ana Alaíde fez uma apresentação pertinente sobre o patrimônio urbanístico da cidade de Januária nas primeiras cinco décadas do século XX. Também mostrou a importância do uso da fotografia enquanto registro iconográfico. Sua apresentação contribuiu para recente discussão em torno da educação patrimonial como forma de agregar valor, identidade ao acervo histórico e cultural do município. Como parte da programação, os alunos do curso de história encerraram as discussões.
IDENTIDADE INDÍGENA
A última noite contou com a professora visitante, Elisabeth Rouwe de Souza (Faculdade de Direito Dom Helder Câmara), os professores Alessandro Roberto de Oliveira (UNB) e Emerson Ferreira, do curso de geografia do Ceiva. A comunicação apresentada por Elisabeth teve como pano de fundo as diferentes questões conceituais acerca de identidade indígena ao longo dos quinhentos anos de ocupação. O professor Emerson fez uma explanação de como as tribos indígenas estão distribuídas e assentadas no território nacional. Chamou atenção para os altos índices de alcoolismo, depressão que vêm acometendo os índios brasileiros e da ausência de leis eficazes por parte do poder público na órbita da saúde e moradia indígena.
Já o professor Alessandro revelou traços atuais da indianidade e etinicidade presente na aldeia dos índios Xacriabá. Frisou o hibridismo cultural presente na organização espacial, política destes povos localizados no município de São João das Missões. Para finalizar, os alunos de história fizeram suas comunicações. O evento contou com a participação da comunidade em geral, além da presença dos alunos.