
Mais de 500 presépios foram montados em cidades mineiras e cadastrados no Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), que já disponibilizou no site (iepha.mg.gov.br) o guia on-line de Presépios e Lapinhas de Minas Gerais em 2021.
São criações residenciais e comunitárias de 302 municípios de todas as regiões do Estado que integram o roteiro. Uma das cidades com maior número de montagens é São Francisco, no Norte de Minas. A cidade abriga 11 presépios que representam o nascimento de Jesus Cristo.
Em primeiro lugar, neste ano, aparece Carmo do Cajuru, cidade da região Central do Estado que tem 56 locais cadastrados para visitação. Em seguida, com 47 presépios, aparece Serranos, no Sul de Minas.
Logo após, com 13 roteiros estão a cidade de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e Medina, no Vale do Jequitinhonha. Completando as cinco cidades com maior número de presépios cadastrados no circuito está São Francisco.
O guia on-line mostra o endereço onde o presépio foi montado e o período de visitação. A maioria segue até 6 de janeiro de 2022, quando é celebrado o Dia de Reis.
ROTEIRO MEDIADO
Além do roteiro de visitação, este ano o Iepha-MG apresenta como novidade a disponibilização de práticas de mediação para serem realizadas com os visitantes dos presépios e lapinhas.
A disponibilidade de roteiros mediados é uma ação educativa que busca promover os responsáveis pelos presépios como mediadores dos saberes que tornam a tradição um patrimônio cultural vivo do povo mineiro. Seu objetivo é enriquecer a experiência do público durante as visitas.
A iniciativa, que chega à sexta edição, é uma ação de salvaguarda das Folias de Minas, reconhecidas desde 2017 como patrimônio cultural de natureza imaterial do Estado.
Em Minas Gerais, a tradição dos presépios está presente desde o século XVIII, com muitos deles montados nos chamados oratórios-lapinhas, encontrados nas regiões de Santa Luzia e Sabará.
A ação integra de forma especial a programação dos 50 anos do Iepha e conta com a participação dos municípios mineiros na divulgação, como reforça o diretor de Promoção do instituto, Luis Mundim.
“A divulgação dos presépios é muito importante para valorizar essa prática e também salvaguarda as diversas folias espalhadas por todo o Estado”, destaca.
HISTÓRIA
A origem dos presépios, como conta o documento do Iepha, remonta a São Francisco de Assis, que o teria concebido em uma gruta como forma de expressar a sua fé, em 1.223. Foi no povoado de Gréccio, na Valada de Rieti, que o pobrezinho de Assis, segundo conta a tradição, quis encenar o nascimento do menino de Belém e contemplar com seus próprios olhos as agruras do recém-nascido que, sem lugar propício, foi colocado em cima da palha entre o boi e o burro.
A palavra “presépio” vem do latim e significa “estábulo”, “curral”. Segundo a narrativa bíblica, Jesus teria sido colocado em uma manjedoura – uma espécie de tabuleiro em que se coloca comida para animais.
Para concretizar seu desejo, Francisco de Assis chamou um leal amigo, de nome João, que após ter recebido as instruções preparou um lugar com a manjedoura. Naquela ocasião não havia figuras e, portanto, o presépio foi vivido pelas pessoas que ali estavam na noite de Natal.
Assim teria nascido a tradição, todos reunidos em torno de uma gruta, essencialmente simples, com suas tochas acesas iluminando a noite, celebrando com grande alegria o nascimento de Cristo.
Em Minas, a tradição de montar os presépios, também conhecidos como lapinhas (denominação afetiva para as grutas), está presente nas casas, praças, centros culturais, igrejas. Embora o costume tenha sido trazido pelos europeus católicos, a montagem foi ganhando contornos próprios por meio da apropriação popular.
*Com Agência Minas