Grupo Formiguinha feliz resgata a melhor idade

Jornal O Norte
Publicado em 06/04/2006 às 11:18.Atualizado em 15/11/2021 às 08:32.

Cinara Ferreira


Correspondente



GLAUCILÂNDIA - Sorriso no rosto, bem estar e muita animação têm feito com que o grupo de caminhada Formiguinha feliz em Glaucilândia, continuasse um trabalho iniciado no dia 06 de fevereiro deste ano pela enfermeira Maria de Fátima Barroso.



A caminhada para os idosos tem dado bons resultados e completa 3 meses de existência na cidade. O grupo Formiguinha começou com apenas 9 pessoas, hoje já contabiliza 55 membros assíduos em todas as manhãs, de 06 até as 7h30. Acontecem exercícios de alongamento e relaxamento, antes e depois da chamada caminhada terapêutica. Também é aferida a pressão de todos os participantes.



De acordo com a enfermeira, a atividade não é para formar atletas nem campeões. É voltada especialmente para o acompanhamento da saúde dos integrantes, para que possam respirar melhor e esticar os ossos.... Objetiva também a socialização e a convivência entre eles.



ALIMENTO E MEDICAÇÃO



Durante os encontros são passadas aos idosos noções de alimentação, o uso da medicação correta e a questão do sal, que em consumo excessivo prejudica o organismo.



- Nós caminhamos juntos, daí essas noções são passadas para os idosos durante a caminhada. Quando surge alguma dúvida, ela é esclarecida. Nosso trabalho é voltado para o social e, assim, exercemos nossa cidadania. Nos encontros, sempre colocamos alguns pontos para que eles reflitam, e uma das idéias apresentadas foi para que se faça, a cada início de mês, uma festa para comemorar a data de estréia do grupo - diz Fátima.



COMEMORAÇÃO



A festa de comemoração da existência do grupo Formiguinha feliz, coordenada pela enfermeira e pelas agentes comunitárias de saúde Marcolina Alves dos Santos e Nélia Aparecida da Silva, foi realizada no último sábado, 1º, na creche Vovó Joaninha. Participaram os integrantes da caminhada, o prefeito Marcelo Brant e o secretario municipal de Saúde, José Antônio Sobrinho.



Cada membro do grupo recebeu, como doação do prefeito, uma camiseta com o nome Formiguinha feliz estampado na frente. Cada um recebeu também um boné doado pela loja Visual básico. Agora, a caminhada será uniformizada. Fátima ressalta que a festa foi realizada a partir de sugestões dos integrantes do grupo:



- Foi feito o que eles sugeriram e isso é importante, pois sentiram que a opinião deles foi levada em conta.



TORNEIO DE PIADAS



A atração da festa foi o campeonato de lorotas, em que os participantes teriam que ir à frente, pegar o microfone e contar a uma piada. Logo após seguiram com um torneio de versos, que teve a participação do violeiro o Donato Rodrigues Campos, conhecido e registrado como Nato Jatobá, e a dona Said de Quadros Carvalho. Os dois jogaram versos um para o outro, tornando a festa ainda mais animada.



O grupo da terceira idade deu um show à parte, com danças e cantigas de roda, tocadas com violão e pandeiro. De maneira bem divertida, a intenção é resgatar um pouco da cultura popular do povo glaucilandense. É também uma forma que eles encontraram para relembrar e trazer à memória aquilo que ficou perdido no tempo de uma mocidade jamais esquecida.



Após a caminhada todos os dias em volta de algumas ruas da cidade, o grupo se reúne na Praça Gasparino Maia, onde é feito alongamento acompanhado por músicas que se cantava antigamente, antes da evolução e do progresso, entoadas pelos participantes, para motivar ainda mais os exercícios.



CULTURA LOCAL



As músicas são relembradas e copiadas à mão, no intuito de divulgar a cultura local:



- Já estamos nos preparando e organizando para apresentarmos na Festa da cultura popular em agosto deste ano. Temos uma apresentação praticamente marcada. Tem uma turma que quer montar um grupo de seresta. E assim, aos poucos, vamos trabalhar para o resgate da cultura local. Neste sentido, há uma preocupação por parte dos idosos em repassar esse conhecimento, porque eles são os sabedores dessa cultura e se não cuidarmos, tudo pode acabar com eles – diz Fátima Barroso.



CONFRATERNIZAÇÃO



Algo especial, que também acontece depois da caminhada, é a confraternização com um café comunitário. Cada um contribui com um lanche e, juntos, fazem a refeição matinal. Um encontro que motiva a participação e a convivência entre o grupo.



A avaliação em relação à caminhada ainda não é concluída com dados específicos, pois, segundo Fátima, não são suficientes para se fazer uma análise correta, e o diagnóstico de um grupo é realizado a cada 6 meses.



- Tivemos uma melhoria geral em termos da redução da ida dessas pessoas ao posto de saúde. Tem diminuído o número de consultas dos que participam da caminhada.



DEPOIMENTOS   



O Norte entrevistou algumas pessoas do grupo e, na conversa, constata-se a enorme satisfação e disposição em se fazer parte dessas atividades.



- Antes, eu não conseguia fechar os dedos da mão, agora, já posso manejar bonitinho as pernas, parece que se desentravaram - diz dona Celina Leite de Morais, 77 anos.



Donato Rodrigues Campos, 71 anos, diz que está se sentindo bem em tudo, que a caminhada é muito boa e que as dores que sentia na coluna e no joelho vêm diminuindo e é um prazer imenso estar ali junto com o povo.



Para dona Said de Quadros Carvalho, 74 anos, essa é uma forma de tirar muitas pessoas do fundo da cozinha...



- Tem companheiro que havia perdido o contato com outras pessoas. Não saía de casa pra nada, nem pra caminhar, só ficava preso em casa, sentado o dia todo, sem ao menos conversar com alguém. Isso contribui para que essas pessoas se distraiam. No mais, todo mundo está satisfeito e com a auto-estima em alta.

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