Greve da segurança afeta policiamento e serviços públicos

Categoria decidiu cruzar os braços para pressionar governo a pagar reajuste salarial

Da Redação*
Publicado em 22/02/2022 às 00:14.Atualizado em 22/02/2022 às 14:44.
MOBILIZAÇÃO - Agentes de segurança do Norte de Minas engrossaram o movimento: cinco ônibus saíram de MOC, além de Janaúba, Januária e Taiobeiras (LUCAS PRATES/JORNAL HOJE EM DIA)
MOBILIZAÇÃO - Agentes de segurança do Norte de Minas engrossaram o movimento: cinco ônibus saíram de MOC, além de Janaúba, Januária e Taiobeiras (LUCAS PRATES/JORNAL HOJE EM DIA)

As forças de segurança de Minas decidiram cruzar os braços em assembleia realizada ontem, após protesto que reuniu milhares de militares, policiais civis, policiais penais, agentes socioeducativos e bombeiros em Belo Horizonte.

O estado de greve, que já está valendo, segue até que o governador Romeu Zema (Novo) envie projeto de recomposição salarial da categoria à Assembleia Legislativa. O cenário preocupa especialistas, que avaliam até a necessidade de intervenção das Forças Armadas nas ruas para realizar patrulhamentos caso um acordo não seja firmado.

Os manifestantes afirmaram avaliar as restrições legais para determinar os próximos passos e impactos no Estado. 

De acordo com o diretor da Federação Interestadual dos Policiais Civis (Feipol) da região Sudeste, Wemerson Oliveira, todos os serviços serão afetados diretamente, desde o atendimento ao público, como o registro de veículos, às investigações e até recolhimento de corpos.

“A decisão foi pela paralisação geral, então nós acompanhamos a categoria. Lógico que não vamos deixar casos urgentes e graves sem cuidado. Mas os serviços que não são essenciais e de urgência serão parados”, diz.

Oliveira explica que a reivindicação pela recomposição salarial é calculada de acordo com a perda inflacionária, de 50% até o ano passado. “Como tivemos um aumento de 13% em 2020, retiramos esse percentual do nosso pedido e reivindicamos uma recomposição salarial de 37% ao governo estadual”, explica.

Em acordo com o governador, ficou definido que os servidores receberiam aumentos de 12% nos dois anos seguintes, mas não foram pagos. 

De acordo com Luiz Flávio Sapori, especialista em segurança pública, a postura dos policiais militares vai contra a legislação. “Qualquer política de aquartelamento significa greve, e greve é ilegal”. Sociólogo e ex-secretário adjunto de Segurança Pública de Minas, ele afirma que a situação é preocupante. “Greve das forças policiais em qualquer contexto social é grave. A ausência da PM nas ruas significa que a violência pode crescer. Já tivemos experiência disso em outros locais”, afirma.

Na avaliação do especialista, o movimento é forte e bem consolidado, articulando todas as forças de segurança pública. “Há muito tempo não via todo esse movimento, tão unido em torno de uma causa. O governo não pode ficar passivo, é uma situação muito grave”, avalia.

O que mais preocupa, segundo Sapori, é a demora do governo estadual em chegar a um denominador comum com os agentes. “O governador tem que dar uma resposta à sociedade mineira, negociar e chegar a um acordo imediato. Ou solicita à presidência as forças armadas”.

Em nota, o Estado afirma que mantém diálogo com todas as categorias levando em conta as necessidades dos servidores. “Com a adesão ao RRF, projeto que aguarda análise da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o Estado terá condições de aplicar a recomposição da inflação nos salários de todas as categorias do funcionalismo público, e dar continuidade ao pagamento das dívidas herdadas, como os repasses para os municípios e os depósitos judiciais”, diz o comunicado.

NORTE DE MINAS
Agentes de segurança do Norte de Minas engrossaram a manifestação da categoria em Belo Horizonte nesta segunda-feira. Segundo os organizadores, o movimento reuniu cerca de 30 mil pessoas, vindas de todas as partes do Estado.

De acordo com Nivaldo Ferreira, coronel PM reformado e diretor Regional da Associação dos Oficiais da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros MOC Norte, a adesão não só do pessoal de Montes Claros, como da região Norte foi satisfatória.

“Estamos com diversas caravanas de Januária, Janaúba, Taiobeiras e muitos companheiros da segurança pública e defesa social. Também vieram por meios particulares em torno de cinco ônibus totalmente lotados, saindo de Montes Claros”, afirmou Nivaldo, ressaltando que os manifestantes da região, especialmente, estão fazendo as reivindicações de maneira pacífica.

“Tem chamado a atenção, em face do mar de gente em Belo Horizonte, a maneira ordeira como tudo está acontecendo, mas existe também um clima de muita insatisfação com relação ao governo do Estado. A gente pede que ele tenha sensibilidade, afinal de contas, é a classe que mais tem contribuído na manutenção da ordem, da defesa social e da paz nessa época de tanto conflito, de tanto risco. A gente gostaria de deixar esse pedido ao governo, que seja mais sensível com a classe, que ele cumpra a palavra dele. Se uma autoridade prometer e não cumprir, o que esperar do cidadão”, diz o coronel Nivaldo.

*Com Bernardo Estillac, Lucas Sanches, Luiz Augusto Barros e Márcia Vieira

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