Em 72 horas, um incêndio florestal consumiu mais de 750 hectares dos 36 mil hectares que integram o Parque Estadual de Botumirim e zona de amortecimento, sem exemplo na história do município. Como se não bastasse, varreu as Campinas São Domingos, Bananal e Maracujá, atingindo em cheio a área de recarga de vários rios que abastecem a população, como o Bananal, Tromba, Noruega e Rio de Peixe.
O fogo, quase sempre com influência humana, foi intensificado por conta da baixa umidade, temperaturas altas, níveis críticos de índices pluviométricos, bem como o acúmulo de galhos secos. Isso, em cenário de rica biodiversidade, no qual os campos rupestres do Cerrado se encontram com outros dois biomas, Caatinga e Mata Atlântica, áreas conhecidas como ecótonos, quando essa junção dá origem a um novo ecossistema.
Aliás, representam o que o Parque Estadual pode ter de mais rico na área demarcada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), quando optou pela criação da unidade de conservação em 2018. É que esses biomas fronteiriços são áreas de transição ambiental, com diferentes comunidades ecológicas e, como tal, rico em espécies.
Já na noite de segunda-feira (11), a queimada que começou na Campina São Domingos no domingo (10) e avançou pelas trilhas da Campina do Bananal, em altitudes entre 1.100 e 1.450 metros, produzia enormes labaredas bem próximas a áreas que concentram boa parte de sua população.
OTIMISMO DO IEF
A despeito dos estragos provocados pelo fogo, cujo combate nos campos de altitude é prejudicado em função da força dos ventos, a superintendente regional do IEF, Margareth Caires Azevedo, mantinha ontem (13) tom de otimismo. Às 5h21, quando reiniciavam os trabalhos de combate ao incêndio no Parque Estadual, disse que “avançamos muito no combate, debelando quase todos os focos, restando apenas uma área, de forma que a expectativa é controlar o incêndio até final do dia”.
Destacou que o trabalho foi possível desde à primeira hora por força da brigada da unidade de conservação, da brigada municipal e do Corpo de Bombeiros, totalizando 21 combatentes, divididos em equipes nos diferentes focos de incêndio. “Tudo, é bom que seja ressaltado, com apoio do Previncêndio/IEF, por meio helicóptero do IEF tripulado pelo Comando de Aviação do Estado (ComAvE).
A gerente do Parque Estadual de Botumirim, Laudineia de Jesus Matias Ventura, que assumiu recentemente o cargo, tem na verdade passado por uma verdadeira prova de fogo desde a tarde do dia 10 de dezembro. “Estamos fazendo o possível. Entretando, as condições estão longe de ser as ideais, lembrando o atraso da estação chuvosa, uma situação completamente atípica que favorece a propagação do fogo”.
Além disso, argumentou que “o helicóptero está com limitação de combustível, porque o caminhão de combustível do Centro de aviação está quebrado, razão pela qual só foi possível obter o combustível da aeronave por meio de caminhonete/viatura, de modo que o ComAvE está otimizando seu uso”.