Unidades da Farmácia Popular em Montes Claros sempre cheias: busca por medicamentos com preços baixos. (LARISSA DURÃES)
Em pouco mais de 24 horas, uma reviravolta a respeito da Farmácia Popular provocou preocupação e alívio na população.
Projeto de Orçamento para 2023 enviado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) ao Congresso previu corte de 59% dos recursos do programa. A consequência seria uma dificuldade ainda maior para se encontrar na rede os remédios com previsão de gratuidade, já que, com menos verba disponível, o fornecimento deve diminuir.
Moradores de Montes Claros ficaram preocupados com a decisão que poderia afetar medicamentos para controle de doença de Parkinson, diabete, hipertensão, asma, dislipidemia, anticoncep-ção, rinite, osteoporose, glaucoma, além de fraldas geriátricas.
O orçamento para este ano foi de R$ 2,04 bilhões, e poderia cair para os R$ 804 milhões previstos para 2023.
Para o sócio-diretor de uma das farmácias mais populares e antigas de Montes Claros, Leandro Guedes, se o presidente não mudasse de ideia, teria sido uma grande perda principalmente para a população.
“Se cortasse, teria sido uma grande perda para as farmácias, mas, principalmente, para a população porque para as farmácias esses produtos têm uma receita significativa, mas é pequena em relação ao montante de medicamentos que são vendidos. Mas para a população impacta muito porque são medicamentos importantes para a população de baixa renda que acaba impactando muito no orçamento dela, caso viesse a cortar parte desses medicamentos ou se um dia chegasse a cortar todos esses medicamentos do programa, porque o programa é muito importante para o trabalho social”, ressalta.
PREOCUPAÇÃO
Quem espera que o projeto de cortes do Ministro da Economia, Paulo Guedes não se concretize, é a enfermeira, Adriana de Souza Brito.
O programa da Farmácia Popular é de extrema importância para a família dela, já que o seu marido precisa de vários remédios.
“Ele faz uso de Aradois, que serve para pressão alta. Sinvastatina também, para o colesterol. Se o presidente Jair Bolsonaro não reverter isto, vai ficar mais difícil, porque compro além desse, outros medicamentos também para o meu marido, como um de convulsão que custa R$ 400 reais, mensal, mais Atensina, para pressão alta, mais o Hidralazina, para o tratamento de indivíduos com pressão alta, que não está nem achando nos postos de saúde, Farmácias Populares, e tenho que comprar. Então, se cortar, vai dificultar muito a nossa vida tanto econômica como em termos de saúde”, lamenta.
Quem também não gostou de saber desta possibilidade foi o pedreiro desempregado, Gaspar dos Santos, de 65 anos.
“É um disparate, porque tem muita gente que depende desses medicamentos e muitas pessoas não têm condição de comprar e vai viver como?”, questiona.
Em vez de melhorar o país, está é piorando”, lamenta Gaspar.