Marlon Bruno
Colaboração para O Norte
BOCAIÚVA - Nas manhãs de quarta e sexta feiras, uma parceria da Abrace - Associação bocaiuvense receptora de adultos e crianças especiais com a escola municipal Tarcísio Pires de Castro está levando a inclusão digital a crianças com algum tipo de deficiência.
Nas aulas, os portadores de deficiência encontram uma possibilidade de romper barreiras físicas e se comunicar de várias formas, através do computador. Com a ajuda de programas especializados, por exemplo, usuários com baixa visão podem ler textos encontrados na internet. E, o mais importante, com a presença de educadores preparados para atender o público que tem necessidades especiais.
O curso de introdução à informática não tem duração definida, já que cada um tem um ritmo de aprendizado diferente. Segundo a professora Tânia Siqueira Luna, os alunos especiais têm o mesmo potencial de qualquer outro.
- Com certeza, eles têm uma capacidade muito grande de aprender. Embora possa ser mais lento, esse processo acontece principalmente com os que já estão alfabetizados - diz Luna.
CIDADANIA CRIATIVA
Para a diretora da escola, a inclusão digital é um conceito que engloba as novas tecnologias da informação, comunicação e educação, possibilitando a construção de uma cidadania criativa e empreendedora.
- A inclusão digital é um meio para promover a melhoria da qualidade de vida, garantir maior liberdade social, gerar conhecimento e troca de informações - diz Andréa Tondineli Carneiro.
De acordo com a secretaria municipal de Educação, dar à população acesso a essas tecnologias, mesmo sem ter um contato freqüente com o computador, facilita o entendimento e a utilização quando necessário, além de representar um grande avanço para que todos os alunos se incluam na era da informática.
- Acho que esses alunos especiais, quando aprendem a manusear um computador, não se limitam apenas ao uso do aparelho e sim a todo e qualquer produto informatizado, seja um microondas, atendimento eletrônico bancário ou o painel de uma máquina de lavar, uma vez que a informática hoje está cada vez mais simples - diz Cida Ribeiro, coordenadora pedagógica.
OS INCLUÍDOS
Mesmo entusiasmo se observa por parte dos alunos.
- Isto é muito bom. Já sei escrever o meu nome no computador. Na Internet, eu posso encontrar amigos e namoradas (risos) - comenta o aluno Paulo Henrique.
Outro aluno, Gilberto Nere Alves, acredita que o aprendizado no computador lhe garantirá um futuro melhor:
- A gente se desenvolve muito; quando eu tiver o meu computador em casa, já saberei usá-lo.
A inclusão digital é tão necessária para a vida dessas crianças que a possibilidade do uso dos computadores, apesar de sua importância para o acesso à informação e para a entrada no mercado de trabalho, continua restrita a poucos. A chamada exclusão digital pode significar um aprofundamento ainda maior da divisão entre as populações dos países ricos e dos países pobres, dificultando o processo de desenvolvimento.
RESULTADOS POSITIVOS
Segundo a psicóloga Naete Antunes, a inclusão digital e a inclusão social são indissociáveis. Nesse sentido, alguns projetos desenvolvidos em Boc mostram que é possível alcançar resultados positivos, por exemplo, na introdução à informática:
- Quando uma pessoa passa a discutir algum assunto da mídia, usando o computador para fazer um texto, ou algo parecido, podemos dizer que isso é desenvolvimento social, a partir da inclusão digital.
Para a assistente Social Marisa de Souza Alves, o acesso dessas crianças ao meio digital é uma estratégia a ser seguida.
- Além dessas crianças aprenderem a manusear o computador, estarão desenvolvendo o meio social em que vivem. Estarão mais compatíveis com as pessoas que dizem ser normais. O que é preciso é dar mais oportunidades a esses alunos - argumenta.
A escola municipal Tarcísio Pires de Castro foi fundada em março de 2001 com a função de atender às pessoas com deficiência. A Abrace é uma entidade de caráter assistencial, que trabalha em prol das pessoas com dificuldades físicas e mentais.