Em inglês, reload significa recarregar, devolver a energia perdida e impulsionar algo para um novo fôlego. Foi exatamente isso que aconteceu em Montes Claros, quando centenas de microempreendedores, empresários e apaixonados por marketing digital se reuniram, na última sexta (8) e sábado (9), para o Reload na Estrada, evento do Sebrae que transformou dois dias em uma verdadeira bateria de inspiração e negócios. O evento contou com a presença de Michel Alcoforado, Sara Andrade, João Branco, Rafael Cortez, Hans Donner e Felipe Titto.

O consultor de marketing e curador do Reload, William Rocha, comenta que o evento é sempre pensado com antecedência, alinhando informações entre as unidades do Sebrae de Montes Claros e Belo Horizonte, em consonância com a identificação dos pequenos negócios locais — “Às vezes, os palestrantes citam exemplos de multinacionais ou empresas internacionais que não se conectam com o público local. Por isso, damos preferência a pessoas que têm exemplos relevantes e se conectam com o público real do evento, em Montes Claros e na região do Norte de Minas. Esses são pequenos negócios, geralmente “eupresas”, onde o empreendedor faz tudo. Assim, priorizamos pessoas que dialogam com essa realidade”, relata Rocha. 

O consultor destaca a importância das estratégias de marketing para os donos de pequenos negócios, analisando que o marketing é essencialmente uma questão de repetição e consistência. “Quanto mais o cliente vê a empresa, mais chances de ter a lembrança no momento da compra. E o marketing hoje é a ferramenta mais acessível ao pequeno. Porque ele é uma ferramenta muito democrática. Você começa o trabalho de forma gratuita na hora de criar o seu perfil. E até mesmo quando há investimentos em tráfego pago, em anúncios, o início é muito barato. Você começa a fazer tráfego pago a partir de R$ 5,60. Assim, o pequeno empresário pode iniciar um processo de escalonamento de maneira gradual e, ao observar os primeiros resultados, começa a reinvestir e potencializar seus investimentos”. 

Vanessa Souza, representante Cooperativa de Apicultores e Agricultores Familiares do Norte de Minas (Coopemapi), situada em Bocaiuva, afirma que desde 2019 a cooperativa participa do evento para fazer networking com pessoas que agreguem ao seu trabalho. Atualmente, a Coopemapi conta com sete a oito florados de mel, em especial o de aroeira, bastante visado no comércio exterior — “nós somos uma cooperativa de agricultura familiar. Então, a gente, hoje, nesse evento, a gente também vai participar para poder entender como a gente pode ampliar os nossos negócios, como a gente pode alcançar novos clientes, novos mercados, tanto aqui no Brasil quanto fora”, comenta Souza, mostrando orgulhosa o rótulo em árabe de um dos potes de mel prontos para a exportação. 

Em consonância com essa visão, William reforça que, apesar das discussões sobre marketing digital frequentemente envolverem tecnologia e ferramentas, é essencial lembrar que os negócios são construídos por pessoas. “Quando a gente fala de marketing digital, a gente fala muito da área de tecnologia, de algoritmo, fala de IA, fala de ferramentas, etc. Só que a gente tem que sempre lembrar que negócios são feitos de pessoas, tanto as pessoas que estão conduzindo quanto os clientes. Você não tem um negócio quando você tem uma ferramenta, você tem um negócio quando você tem clientes dispostos a pagar pelo seu produto ou pelo seu serviço”, completa. 

O produtor audiovisual Jonathan Ramos, de Montes Claros, afirma que o Reload aconteceu no momento certo, coincidindo com a fase de expansão de sua marca e a inauguração da sede física da produtora. “Se não fosse o evento, eu provavelmente não teria conhecido os serviços e programas do Sebrae. Aqui dentro, descobri a maioria deles e, depois que saí, fui pesquisar mais. Assim, aprofundei meu conhecimento sobre o Sebrae ao explorar as plataformas”.

Consumidor 2025
Durante uma palestra do Reload, o escritor do best-seller nacional “Coisa de Rico”, o antropólogo e sócio-diretor do Grupo Consumoteca, Michel Alcoforado, expôs suas análises sobre o consumidor de 2025. Segundo Alcoforado, uma das principais diferenças entre esse consumidor e suas versões anteriores está relacionada ao impacto da digitalização. “Esse consumidor, fortemente mais digitalizado, ele não tá só preocupado com o produto, mas com o quanto o produto que ele comprou gera de conversa pra construção da sua própria reputação e autenticidade. O principal valor no mundo onde parece que tudo tá a mão de todos e todo mundo é igual, é como é que a gente inventa pros outros que é diferente. E não tem forma mais importante ou ativa ou preponderante na invenção da nossa diferença do que comprando. Quando a gente compra uma maquiagem nova, um carro novo, uma casa nova, uma calça nova, você vai inventando a sua individualidade. E esse consumidor tá marcado por isso”, relata o antropólogo. 

Em um evento voltado às discussões tecnológicas, destacou-se a necessidade de humanizar o marketing contemporâneo. Para Michel, a busca por individualidade, mesmo mediada por algoritmos de consumo, pode ser resgatada por meio da humanização — “O que é legal é quando a gente consegue usar o dado e usar a tecnologia como forma de antecipar pra você algo que eu sei sobre você, que você nem imagina que você quer. Eu sempre brinco que produtos que dão certo não são aqueles que entregam para o consumidor o que ele quer, mas são aqueles que conseguem entregar para o consumidor coisas que ele nem sabia que queria”. 

Combo de serviços
Os participantes do Reload 2025 tiveram a oportunidade de conhecer os serviços do Sebraetec, um pacote de produtos focados em inovação e tecnologia, incluindo design, desenvolvimento tecnológico, produção e qualidade e sustentabilidade. Esses serviços são projetados para ajudar pequenas empresas a inovar e melhorar seus processos com menor custo. “O Sebraetec oferece soluções variadas, desde criação de websites e e-commerce até fertilização em gado, atendendo setores como varejo, indústria, comércio, serviço e produtores rurais. O empresário paga apenas 30% do valor total, pois o Sebraetec subsidia os 70% restantes. Além disso, há garantia de qualidade, comprovada pelo feedback dos clientes e pela avaliação do Sebraetec, que revisa a ficha técnica e as entregas, assegurando que os serviços são de alta qualidade”, explica o assistente do SEBRAE Minas na Microrregião da Serra Geral, Marco Antônio Pedroso.