Pontes a caminho

DER atualiza situação de três obras no Velho Chico com dinheiro da Vale

Larissa Durães e Manoel Freitas
Publicado em 03/01/2023 às 22:41.
Balsa que faz travessia entre São Francisco e Pintópolis: lenta e, às vezes, fora de operação (GUILHERME BARBOSA)
Balsa que faz travessia entre São Francisco e Pintópolis: lenta e, às vezes, fora de operação (GUILHERME BARBOSA)

Em reportagem especial veiculada na edição de ontem, O NORTE detalhou como o acordo celebrado pelo Governo de Minas e a mineradora Vale, por conta dos danos da tragédia de Brumadinho, assegurou para a região R$ 300 milhões para construção de três pontes sobre o Rio São Francisco.  

O texto, de modo muito claro, apontou para um enorme compasso de espera, porque, efetivamente, está em construção apenas a ponte ligando São Francisco a Pintópolis e Urucuia, na MG-402, enquanto as outras duas encontram-se na fase embrionária, com atenções voltadas apenas aos seus projetos técnicos.

Para buscar informações na própria fonte, porque os estudos e acompanhamento das obras são de responsabilidade do Departamento de Edifica-ções e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), a reportagem recorreu à sua a assessoria de imprensa. O tom do órgão é de otimismo. 

“Em relação às obras de construção da ponte na MG-402, entre São Francisco e Pintópolis, iniciadas em fevereiro de 2022, sua estrutura será uma das maiores já construídas no Estado”, assegurou a assessoria, observando que “faz parte deste empreendimento a realização de um acesso ao rio de aproximadamente 3 km, obras que, juntas, receberão cerca de R$ 170 milhões em investimentos”.

Acerca da ponte ligando Manga a Matias Cardoso, a previsão do DER é de que seu projeto técnico seja finalizado em fevereiro de 2023. 

Após esta fase, explica o órgão nacional, “as obras estarão aptas a serem orçadas e licitadas para que possa ser feita a contratação de empresa para execução dos serviços”. 

No valor de R$ 2.469.189,00, o projeto de engenharia objetiva implantação, melhoramentos, pavimentação e obras de artes nos entroncamento MGC/135 (Manga) ao porto de Matias Cardoso (ponte sobre o Rio São Francisco) e variante na rodovia MG/401

Sobre a ponte ligando São Romão a Ubaí, o Departamento de Edifica-ções e Estradas de Rodagem de Minas Gerais lançou edital no valor de R$ 3.480.873,77 para contratação de empresa de engenharia “para elaboração de projeto de engenharia rodoviária para Implantação, melhoramentos e obra de artes na MG 292, entroncamento MG 161 (São Romão), entroncamento MG 161 (Porto de São Romão/ponte sobre o Rio São Francisco e Variante, com extensão de 5,5 km”. 

Cidades irmãs, sonho e progresso

Para falar sobre a importância da ponte em execução para ligar São Francisco à Pintópolis, O NORTE ouviu o historiador Rodrigo Teles, com graduação na Unimontes e especialização em Gestão de Projetos. 

Atual secretário de Desenvolvimento Social de São Francisco começou por dizer que “a ponte significa esperança no imaginário da população ribeirinha norte-mineira, sinônimo de desenvolvimento socioeco-nômico, pois a ligação entre o Norte e Noroeste com a capital brasileira vai favorecer melhor escoamento da produção local e regional”. 

O historiador explica tratar-se de realização de um sonho antigo, “porque quando da transferência da capital da República para o Planalto Central, em 1960, a cidade do Norte de Minas que até então se chamava Brasília, vizinha de São Francisco, cedeu o nome para a capital brasileira, tendo na época acrescido o Minas em seu nome”. 

Relata que o entendimento, “conhecido como Acordo das Cidades Irmãs, foi endossado na época por personalidades ilustres, como o arquiteto Oscar Niemeyer, através do qual, em troca do nome, seria construída uma estrada para ligar Brasília de Minas a Brasília (DF), que necessitaria de uma ponte em São Francisco”. 

Na opinião de Rodrigo Teles, na medida em que São Francisco foi se desenvolvendo, a ponte passou a ser mais importante ainda, “porque estabeleceu-se uma extensão territorial rural muito grande, de modo que para atravessarem o rio as pessoas utilizam apenas lanchas e barcos, deslocamento fluvial rudimentar”, que implica tempo de espera grande e que, com freqüência, quebra e precisa de reparos.

Para o secretário de Desenvolvimento Social de São Francisco, a ponte e a pavimentação de trecho de 73 km entre Pintópolis e Urucuia vão mudar a economia regional. 

Mas ele acredita que o uso dos barcos permanecerá, porque São Francisco tem extenso território às margens do rio. E a população ribeirinha prosseguirá com os deslocamentos entre uma margem e outra, como meio de subsistência.

“Somos um dos municípios com maior concentração de pescadores na região, sem contar que a cidade atrai muitos turistas que buscam a experiência de fazer a travessia a barco”. 

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