Defesa alega que sargento foi humilhado

Jornal O Norte
Publicado em 07/03/2006 às 09:50.Atualizado em 15/11/2021 às 08:30.

Benjamim Oliveira Júnior


Correspondente



nullJANAÚBA – Por quase 24 horas o sargento Sebastião Soares ficou recolhido numa sala da 12ª Companhia independente de polícia militar de Janaúba, onde foi efetuado o auto de prisão em flagrante. Esse procedimento foi acompanhado pela assessoria jurídica da 3ª RPM e pelo advogado Vital Farias Gonçalves, defensor do sargento.



Advogado Vital Farias diz que sargento Soares foi muito humilhado (Foto: Olveira Júnior)



Foram colhidos depoimentos do próprio policial e de cinco pessoas, entre elas três colegas do sargento que estariam no quartel do 5º Pelotão no momento da discussão seguida de do crime, e ainda um rapaz e um pastor.



Na tarde de domingo, Sebastião Soares recebeu a visita dos pais, esposa, filho e irmãos. O pai do sargento, um policial reformado há quase 40 anos, chegou abatido. Com 82 anos de idade, o cabo Sebastião Soares (pai do sargento) andava com uma mão estendida ao coração, indicando o derrame que sofrera recentemente. Ele ficou consternado diante do impedimento da entrada dos familiares ao quartel da PM.



Por ordem superior, inicialmente ninguém entraria no quartel, inclusive policiais. Minutos depois, a decisão foi abolida e liberado o acesso de policiais em serviço. Quanto aos civis e imprensa, a ordem foi mantida. Somente entrariam um parente e o advogado do sargento. Minutos depois, diante da insistência do próprio policial reformado e apoio de policiais da ativa, foi autorizado o acesso dos familiares a uma área reservada e, a cada cinco minuto, um parente se deslocava à sala onde o sargento se encontrava recolhido e preso.



ARREPENDIMENTO



O sargento passou por momentos de choro, tentando justificar o crime, conforme diz um parente:



- Ele pediu que a família e os amigos rezassem por ele. Pelo menos ele poderá estar num lugar seguro.



Depois de receber a visita dos familiares, acompanhado do advogado Vital Farias Gonçalves (primo do sargento), Sebastião Soares Filho parecia mais aliviado.



Nas primeiras horas de fuga, o policial comunicou-se com a família e solicitou que o advogado intermediasse a sua entrega. A primeira tentativa foi com o delegado de polícia de Jaíba, Renato Nunes Henrique, que não foi localizado. Soares temia por reações adversas.



Recusou-se a ser entrevistado, fotografado e filmado. Mas autorizou o advogado a falar por ele.



- Meu cliente se diz arrependido do fato que cometeu. Ele é uma pessoa boa, com 16 anos de trabalho, inúmeros serviços prestados para as sociedades de Verdelândia e Jaíba. Tem também uma coisa patente: já tem 25 condecorações da própria polícia - diz Vital.



O advogado, com escritório em Guanambi – BA, diz ainda:



- Todo mundo só está mostrando o lado ruim porque ocorreu esse fato. Mas as virtudes dele ninguém mostra para, justamente, intrigá-lo contra a sociedade, quando ele é uma pessoa boa, bom pai de família, bom filho, um bom parente. Ele, inclusive, ostenta o título de cidadão honorário de Jaíba.



HUMILHAÇÃO



Ao ser questionado o motivo pelo qual do sargento discutiu com o tenente e, com isso, ocorreu a tragédia, Vital diz que seu cliente vinha há muito tempo sofrendo perseguição por parte do Enilton, que quereria diminuí-lo moralmente, para denegrir sua imagem.



- De uma forma e de outra, ele chegou a ser vítima de maus tratos por parte do tenente, quando estavam sozinhos na sala.



O advogado diz ainda que o sargento se sentiu humilhado diante das ofensas do tenente, inclusive, diante de outro policial subordinado a ambos.



- Ele (o sargento) estava sendo vítima, há muito tempo, e, infelizmente, não foi escutado pelos superiores hierarquicamente. Ele tentou comunicar os fatos ao comando, mas não conseguiu.



Entre as teses a serem ostentadas pelo advogado está a de legítima defesa da honra, pois, segundo ele, o sargento foi atacado por diversas vezes. Sobre a atitude de Soares, acusado pela morte do colega, Vital ressalta que, quando está transtornada, a pessoa é levada pelo impulso.



- Quando a pessoa comete o crime, ela não está dentro das faculdades normais- conclui.



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