Perigo dentro de casa

Curto-circuito, desatenção e 'gambiarras' provocam 22 incêndios por dia em edificações de Minas

Márcia Vieira e Vanda Sampaio
Publicado em 28/04/2022 às 09:57.
Mais de 2 mil chamados foram atendidos pelo Corpo de Bombeiros nos primeiros três meses deste ano (FLÁVIO TAVARES/ARQUIVO HD)
Mais de 2 mil chamados foram atendidos pelo Corpo de Bombeiros nos primeiros três meses deste ano (FLÁVIO TAVARES/ARQUIVO HD)

Pelo menos 22 incêndios em edificações são registrados diariamente em Minas. As causas são variadas, mas, dentre as principais, curto-circuito, falta de manutenção, desatenção, problemas no botijão de gás e até “gambiarras” nas tomadas. O número reforça o alerta contra os acidentes, que podem provocar prejuízos e mortes.

Segundo o Corpo de Bombeiros, mais de 2 mil chamados foram atendidos apenas nos primeiros três meses deste ano no Estado. O aumento nas ocorrências foi de 5,8%. Não houve vítimas. No ano passado, foram quase 9,5 mil registros.

Em Montes Claros, de acordo com a sargento Lisandra Santos, do 7º Batalhão do Corpo de Bombeiros, foram registradas 480 ocorrências de incêndios urbanos em geral (em rede elétrica, curto-circuitos, incêndios em residências, edificações comerciais e outros) em 2021. O que equivale a 5% do total registrado no Estado no ano passado. Nesse mesmo período, 15 pessoas foram vítimas de choque elétrico e queimaduras.

Neste ano, já foram registradas 52 ocorrências de incêndios urbanos.

“Em muitos casos, as construções são antigas e como as pessoas usam cada vez mais equipamentos eletrônicos, isso acaba gerando uma sobrecarga do sistema e provocando um incêndio”, explica o tenente Pedro Aihara, porta-voz da corporação. 

Também é comum o incêndio começar na cozinha, quando o morador prepara as refeições e acaba se distraindo. “Quando a pessoa se lembra que tinha uma panela no fogão, o local já está em chamas”, reforça o oficial. 

Aihara destaca que a atenção precisa ser redobrada na hora de usar secador de cabelo, carregador de celular e ebulidores conectados na mesma tomada, com o uso de adaptadores do tipo benjamim. 

“A rede fica sobrecarregada e o incêndio acaba ocorrendo”, orienta.

MANUTENÇÃO
“Fiquei sem energia duas vezes e achei que era um problema geral no bairro, até descobrir que os outros apartamentos estavam normais. A Cemig esteve aqui as duas vezes e me disse que teria que trocar o disjuntor, mas se colocar um mais potente, a fiação do prédio não aguenta”, conta M. L., moradora de um prédio com 16 apartamentos em Montes Claros.

Sem que o imóvel tenha condições de ter um sistema elétrico mais potente, ela precisa controlar a quantidade de equipamentos ligados ao mesmo tempo.

Outra moradora do mesmo edifício relata que “não é possível usar o ar-condicionado e o chuveiro ao mesmo tempo, porque a energia cai”.

De acordo com a sargento Lisandra, o Corpo de Bombeiros trabalha incessantemente com alerta sobre medidas preventivas e alguns cuidados devem ser observados pela população, como evitar fazer ligação clandestina de energia (os chamados gatos).

A instalação elétrica deve ser feita com material próprio e as gambiarras também devem ser evitadas. Os materiais elétricos devem ser mantidos em bom estado para evitar sobrecarga, mau contato ou curto-circuito. No caso de pequenos choques, os aparelhos devem passar por revisão.

Veja cuidados a serem tomados
- Usar sempre que possível uma tomada para cada aparelho, evitando utilizar adaptadores tipo “T”

- Evitar puxar fiação original para criar nova ligação, podendo sobrecarregar a rede elétrica

- Nunca mexer na parte interna das tomadas, seja com os dedos ou com objetos (tesouras, agulhas, facas, etc)

- Cuidado ao trocar lâmpada: é preciso estar atento para tocar somente na extremidade do suporte (de porcelana ou plástico) e no vidro da lâmpada elétrica. Se possível, desligar a chave geral antes de fazer a troca

- Verificar sempre os fios elétricos que ficam à vista; com o tempo, a capa protetora se desgasta e o fio elétrico nunca deve ficar descoberto

- Não usar tomadas e fios em mau estado ou de bitola inferior à recomendada

- Não substituir fusíveis ou disjuntores por ligações diretas com arames ou moedas

- Edificações, quando desocupadas por um longo período, devem permanecer com a chave elétrica principal desligada

O Corpo de Bombeiros recomenda que, em caso de acidentes, se for necessário remover do local uma vítima de descarga elétrica, envolva as mãos em jornal ou em um saco de papel. Empurre a vítima para longe da fonte de eletricidade com um objeto seco, não-condutor de corrente, como um cabo de vassoura, tábua, corda seca, cadeira de madeira ou bastão de borracha, de modo que não a machuque.

A corporação lembra que, em casos de incêndio, o Corpo de Bombeiros deve ser acionado imediatamente pelo 193.

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