A chegada do verão, que se inicia no hemisfério sul nesta sexta-feira (22) e se estende até o dia 20 de março de 2024, tem causado preocupações e temores no Norte de Minas. Segundo previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a estação que sucede a primavera será marcada pela persistência de temperaturas elevadas em grande parte do país, com variações entre 0,5°C e 1°C acima da média, especialmente no interior das regiões Norte e Nordeste, além de áreas do norte de Mato Grosso, de Minas Gerais e oeste de Mato Grosso do Sul.
“Na verdade, estamos é com medo da chegada do verão, porque não sabemos como vai ser”, comenta o ecologista Valmir Batista Santos, diante dos dados da última estação que surpreendeu devido ao seu caráter atípico — com temperaturas ultrapassando os 35?°C e falta de chuvas.
Diante das mudanças climáticas atípicas é impossível fazer previsões claras, afirma Santos, destacando a incerteza que afeta os investimentos no campo. Ele ressalta que a situação paralisa diversas atividades, incluindo a pecuária, onde a falta de previsibilidade torna desafiador planejar a alimentação do gado — “Está tudo parado, tem que ficar tudo parado. Inclusive na área de pecuária mesmo, já estamos sem saber o que fazer com o gado, o que prever para o gado em termos de alimentação”, diz desolado.
Valmir recorda com nostalgia os verões passados, marcados pelo encerramento positivo de ciclos e pela abundância durante a colheita. “Com a chegada do verão começava o momento da colheita e da fartura, mas agora o que temos são pessoas em cidades pequenas do Norte de Minas fazendo procissão pra que a chuva volte”, conta e admite também, “a culpa é nossa né? Maltratamos demais a natureza, agora só nos resta rezar”.
ESPERANÇA E CAUTELA
Para alívio de Valmir e de todos na região do Norte de Minas, a previsão indica que o verão será bem mais úmido do que a primavera, conforme informado pelo engenheiro sanitarista Renan Milo. “A verdade é que a previsão é de que teremos chuvas abaixo da média histórica e temperaturas elevadas também no verão. Mas vai chover um pouquinho mais do que na primavera. A tendência é que o verão tenha chuvas bem mais abundantes do que na primavera”, informa.
Milo explica que em Montes Claros não vai faltar água. “Mesmo com a barragem de Juramento com 44,79% da capacidade de armazenamento, a Copasa já vai começar a bombear a água do São Francisco pra cá e as chuvas que vão chegar, vão conseguir encher, ou pelo menos abastecer a barragem com mais água”, informa.
Porém, Milo faz um alerta para aqueles que trabalham no campo. “Para quem tem alguma forma de armazenar água, seja com barragem, ou cisterna, é melhor captar e armazenar essa água que vai cair. Porque vai chover, a tendência é que vai haver chuva, mas não será aquela chuva tão abundante como a gente já teve anos passados, só não vai ser aquela crise hídrica muito horrorosa, mas é melhor prevenir porque vamos ter temperaturas elevadas também neste verão”, avisa.