Paulo Brandão
Correspondente
BOCAIÚVA - Foi reprovado por seis votos a dois o polêmico projeto de emenda da Lei orgânica do município-Lom- de autoria do executivo de Bocaiúva, que pretendia acabar com o feriado de segunda-feira, após a Festa do Senhor do Bonfim. O projeto causou bastante polêmica na câmara, na reunião do dia 4/12, data em que foi apresentado aos vereadores. No mesmo dia, o vereador Ronildo Andrade (PSDB) manifestou-se contra tal emenda do executivo, reiterando que este feriado mantém como tradição há mais de 100 anos e que prejudicaria a maioria dos bocaiuvenses. De acordo com o vereador todas as repartições públicas, empresas e comércio consideram a segunda-feira como feriado, e que agora o prefeito Alberto Caldeira quer prejudicar aproximadamente de 50 mil habitantes satisfazendo os anseios de “meia dúzia” de comerciantes.
Ronildo afirma que com a retirada do feriado cerca 7 mil funcionários, centenas de professores e alunos da rede de ensino serão afetados. No mesmo dia, o vereador disse no plenário que existe um falso abaixo assinado acompanhado de um projeto de emenda e que em uma única casa comercial existe mais de 20 de assinaturas e uma associação de com 50. -Toda essa tradição pode acabar por decisão de uma única pessoa, o prefeito- ressaltou Ronildo.De acordo com o presidente da Câmara dos dirigentes lojistas de Bocaiúva-Cdl, Fernando Brandão, este feriado de segunda-feira prejudica todo o comércio que fecha as suas portas e dá espaço para os camelôs comercializarem suas mercadorias na Praça da Matriz do Senhor do Bonfim e Ruas José Brandão Filho e Avenida da Saudade: - Pretendíamos com a aprovação do projeto aumentar a economia de Bocaiúva, mas já que decidiram não podemos fazer nada menos do que aceitar.
CLIMA QUENTE
Andrade ainda ressaltou em seu pronunciamento que Fernando Brandão esteve na câmara solicitando ao secretário daquela repartição que em uma das reuniões os vereadores apreciassem também um projeto que pretendia acabar com os ambulantes e que estes estariam prejudicando o comércio local, pois se instalam durante duas semanas e levam toda a renda que seria gasta nos comércios de Bocaiúva. Ronildo foi mais contundente e afirmou que os comerciantes deveriam realizar promoções, abaixar os preços ou mesmo promover uma feira de “queima de estoque”. -Eles já demoliram a antiga igreja do Senhor do Bonfim, o Hotel Bonfim, a casa do primeiro prefeito Flamínio Freire, a de José Maria de Alkmin e vários casarões, agora querem acabar com o feriado de segunda-feira da festa e com os camelôs, isso é um absurdo-, completou.
COMÉRCIO
Recentemente alguns comerciantes e o presidente do CDL participaram de uma reunião na câmara (tribuna popular). Fernando Brandão falou no plenário que há alguns anos o comércio de Bocaiúva se preparava para os festejos do Senhor do Bonfim, estocando mercadorias e contratando funcionários temporários. No decorrer dos anos, os pequenos mascates se transformaram em lojistas itinerantes, e que chegam a Bocaiúva com caminhões baús carregados de mercadorias de “origem duvidosa” e praticando preços fora do mercado, consequentemente ganhando a concorrência de comerciantes que pagam alvará de funcionamento, funcionários, impostos, aluguel e no final obtendo um custo operacional maior do que dos “empresários itinerantes”.A reportagem procurou o presidente do CDL que ressaltou que esta prática tem prejudicado sensivelmente o comércio de Bocaiúva e para piorar a situação na segunda-feira, após a festa do padroeiro é feriado municipal todo o comércio de Bocaiúva está de portas fechadas.
- Os camelôs estão vendendo mercadorias de origem duvidosa, elas não têm nota fiscal, muitas vezes são roubadas, ou mesmo contrabandeadas, o que dá uma margem de lucro de 100%. Percebeu-se que nos meses de julho e agosto é observada maior inadimplência no comércio local. A população deixa de pagar as suas dividas para comprar nos mascates.
Fernando foi interrompido por Ronildo que falou contra o projeto e iniciou-se uma discussão, vindo a dizer que o presidente do CDL não possuía reserva moral para reivindicar tal projeto. -Fiquei chateado com o posicionamento do vereador contra a minha pessoa. Aqui é uma casa que não devia acontecer isto, é lastimável-, afirmou. Fernando Brandão. De acordo com o comerciante Izidro Caldeira, com a aprovação do projeto será um grande prejuízo para toda a classe produtiva que inclui o comércio, pequenas empresas e indústrias. Todos sofrem com o prejuízo e a proximidade dos dois feriados. Izidro citou que, em Belo Horizonte, o aniversário da cidade é comemorado no mesmo dia de Nossa Senhora da Conceição (padroeira da capital mineira). Ele disse ainda que ficou decepcionado com o tom pelo qual o vereador utilizou ao citar outros assuntos de Fernando Brandão.
- Acho que a reunião não deveria acontecer desta maneira, Fernando é uma pessoa digna de respeito e possui reserva moral necessária para estar na Câmara reivindicando o projeto que pretende acabar com este feriado-.No mesmo dia, a vereadora Nilma Oliveira ressaltou que o projeto deveria ser discutido entre comerciantes, população, vereadores e o executivo e que de um lado há classe trabalhadora que tem que trabalhar na segunda-feira e muitos sem hora extra e sem reivindicação e também precisam descansar após o domingo da festa, já os comerciantes têm o prejuízo. Porém foi aprovado antes de ter sido feito o tal debate.